Três marcas da verdadeira igreja e as correlações lógicas entre essas práticas.
Uma igreja verdadeiramente cristã precisa ter, necessariamente, três marcas que as identificam:
- pregação fiel da Palavra de Deus,
- correta administração dos sacramentos (batismo e santa ceia do Senhor),
- prática da disciplina eclesiástica.
Marca 1 - o tipo de pregação.
A pregação e o ensino praticados numa igreja verdadeira é da Palavra de Deus, não as corrupções mundanas ou os conhecimentos meramente humanos. É Deus quem fala e instrui o seu povo, não os homens e suas aspirações. A verdadeira igreja é formada por pessoas que aprendem aos pés de Cristo, o seu Senhor, Redentor e Rei, sobre como viver de acordo com os padrões de Deus nesse mundo tendo a fé na verdade que do Senhor recebemos - as Escrituras - tidas como única regra de fé e de prática vistas na submissão e no cumprimento das doutrinas dos Apóstolos e nas aspirações do porvir baseadas nas promessas do Senhor.
Se uma suposta igreja cristã dá voz a especuladores, às ciências dos homens caídos, às suas ilusões e corrupções, às inovações de modismos que alteram as doutrinas dos Apóstolos (como são praticadas essas deturpações em muitos casos), essa congregação está sendo liderada por lobos, por falsos pastores, falsos profetas e falsos mestres, sendo, portanto, uma igreja falsa e esse tipo de desvio, uma apostasia, tem sido amplamente praticado e de muitas formas, fazendo com que nas pregações e nos ensinos sejam ditas quaisquer coisas que Deus não disse, seja alterando o sentido correto dos textos bíblicos para satisfazer aos anseios dos corações decadentes das pessoas e dos desejos dos pecadores, seja deturpando os textos segundo o academicismo humanista e incrédulo da teologia liberal, ou segundo a ideologia marxista da teologia da libertação, ou dos misticismos que blasfemam do Espírito Santo que descaradamente são praticados nos contextos pentecostal e neopentecostal com seus profetismos, revelações e outros sensacionalismos, ou do baixo balcão de negócios praticados na teologia da prosperidade, e de tantos outros formatos blasfemos que se tornaram muito comuns e que formaram muitos pregadores e igrejas que compõem o confuso e herético evangelicalismo do nosso tempo.
O que define uma igreja verdadeira é, acima de tudo, a fidelidade à Palavra de Deus, onde se crê no Cristo bíblico, o verdadeiro, e não na diversidade com muitas opções de diferentes formas de cristianismos com profissões de fé vagas e heterodoxas onde cabem toda a miscelânea mística e ecumênica de muitas formas divergentes e idealizadas pelas corrupções dos homens que resultam em formas subjetivas e inventadas de falsos "Jesus cristos", que são verdadeiros ídolos que têm apenas o homônimo do Senhor, mas que são esvaziados do seu Espírito e da sua verdade, numa pluralidade perversa e idólatra em que o freguês escolhe o modelo de cristianismo que quer, afinal existem igrejas para todas as freguesias, podendo ser um modelo de "Jesus" inclusivista, um defensor das pautas progressistas, um profeta Woke, ou um justiceiro social, tem aquele que é mero modelo moral, ou um espírito evoluído que se materializou, um revolucionário incompreendido, ou o "meu chapa", um surfista, um sujeito da tribo de jah ou qualquer ideia mentirosa que as múltiplas imaginações caídas e ideológicas possam inventar numa pluralidade semelhante aos shoppings centers em que qualquer consumidor escolhe o modelo do seu sapato ou o sabor da sua pizza como o seu padrão ou vontade desejam.
O Senhor Jesus é imutável, Santo e soberano. Ele é a própria verdade, verdade que é perfeitamente expressa na sua revelação especial, a Bíblia, e o nosso dever é examiná-la humilde e servilmente para nos submetemos a ela e sermos amoldados aos seus padrões, tornando-nos gradualmente mais e mais parecidos com o Senhor que as Escrituras revelam. Somos nós que nos conformamos ao Senhor e não é Ele que se conforma às nossas projeções ou desejos. E essa é a ordem de Deus, assim é a nossa santificação: o processo de nos tornarmos parecidos com o Senhor Jesus na medida em que aprendemos e praticamos a Palavra de Deus. Nós devemos nos submeter a Ele, não o contrário.
Marca 2 - a obediência às ordenanças - a correta administração dos sacramentos.
As igrejas verdadeiras praticam a correta administração dos sacramentos. O Senhor ordenou aos seus discípulos que preguem a sua Palavra, que espalhem o Evangelho por todo o mundo. E a pregação da verdade produzirá fé e promoverá a conversão de outras pessoas, os eleitos de Deus que também serão discípulos do Senhor e ajuntados à família da fé. A essas pessoas foram ordenados os meios de Graça que são o batismo e a Ceia do Senhor, atos visíveis da Graça invisível de Deus, sendo o Batismo o ato simbólico e público do lavar a pessoa que creu no Evangelho com água (por efusão, imersão ou aspersão - tanto faz) e da sua purificação pela obra redentora do Senhor Jesus. Com o batismo o crente passa a ser, de fato, parte do povo da Aliança, pois aí foi celebrado o ato pactual com o Deus da nossa salvação, que na antiga aliança era praticado na circuncisão dos meninos mas na nova aliança é praticado no batismo de todos os crentes. Pais crentes introduzem seus filhos no mesmo pacto com o Deus da Aliança, apresentando-os no batismo das crianças, pois no povo da Aliança estão incluídas as famílias dos crentes em toda teologia/narrativa bíblica desde os primórdios do Antigo Testamento. Crentes que não se submetem à prática ordenada do batismo resistem ao Senhor e perseveram em rebelião contra Ele, não sendo, portanto, verdadeiros cristãos.
A ceia do Senhor é um sacramento ordenado aos discípulos do Senhor que já possuem consciência para discernir o Corpo do Senhor, e discernir, compreender, separar questões santas das caídas. Esse é um exercício de consciência e de auto-exame ordenado àqueles que comungam. A Ceia do Senhor é um meio de Graça reservado aos que estão em luta verdadeira contra o pecado e para a santificação pessoal e de toda a igreja. Para isso crentes precisam saber o que estão fazendo. Eles devem entender o que é a obra de Cristo realizada na cruz, devem entender quem é o seu Senhor, devem conhecê-lo conforme as Escrituras e não de acordo com crendices ou subjetividades que são muito comuns nas falsas igrejas e nas igrejas que são fracas doutrinariamente. Devem conhecer as doutrinas concernentes ao Corpo do Senhor. Devem saber e crer que o Senhor Jesus é o Deus-Filho que se fez homem para viver entre nós para nos salvar, oferecendo a si mesmo no holocausto da cruz para a nossa salvação. Devem saber e crer que a morte não o deteve, mas que o Senhor ressuscitou dentre os mortos, vencendo os poderes da morte, do pecado e do inferno. Devem saber e crer que aos crentes foram reservadas essas mesmas vitórias e que os crentes devem compactuar dessa mesma fé, e são unidos nela pelo poder do Espírito Santo numa fraternidade espiritual e verdadeira que é a Igreja do Senhor, o Corpo de Cristo que está atuante neste mundo e sendo Ele mesmo, o Senhor Ressurreto, o cabeça da Igreja, numa reunião dos crentes de todos os lugares e em todos os tempos que é especialmente celebrada na Santa Ceia do Senhor, momento de sublime comunhão onde o próprio Senhor está espiritualmente e de fato presente para nos nutrir espiritualmente com a singeleza da partilha do pão e do vinho, elementos que tipificam o oferecimento e partilha do seu próprio corpo e o derramamento do seu sangue para nos salvar do poder condenatório e amaldiçoante do pecado, e assim nos nutrimos da graça concedida por Deus numa celebração que proclama os atos salvíficos feitos pelo Senhor até que Ele volte. A Ceia do Senhor é um ato litúrgico que proclama o Evangelho. Por isso, a participação no sacramento da ceia é reservado apenas aos crentes que têm consciência do que estão fazendo, aos discípulos do Senhor, com a advertência severa de que quem o faz sem discernir o corpo de Cristo come e bebe para a sua própria condenação.
A Ceia do Senhor é um ato litúrgico que todo verdadeiro discípulo do Senhor, já batizado e de fé consciente, deve participar após um exame de consciência por si mesmo.
A Ceia do Senhor não deve, portanto, ser ministrada aos crentes que ainda não foram batizados, nem às crianças batizadas que ainda não têm capacidade de discernir o corpo de Cristo e muito menos a descrentes ou aos crentes em disciplina.
Igrejas que administram os sacramentos ou ordenanças do Senhor de formas errôneas não são igrejas fiéis ao Senhor.
Marca 3 - a disciplina eclesiástica.
As igrejas verdadeiras praticam a disciplina eclesiástica. Aos discípulos do Senhor é ordenado que perseverem na fé, no caminho estreito de Cristo, em crescimento na santificação e no progressivo assemelhamento com o Senhor Jesus. Por isso os crentes devem aprender a Palavra de Deus e devem praticá-la em obediência ao seu Rei e Senhor, o Cabeça da Igreja, a fim de exercerem seus ministérios no mundo, onde são sal e luz porque evidenciam em si mesmos, nas verdades que proclamam e nos atos que praticam, a Graça, a verdade e o poder do Senhor que os salvou.
Contudo, dentre os crentes existem os réprobos infiltrados e os crentes que erram. E as igrejas receberam ordens do Senhor, incluindo a sua organização e o seu governo humano que deve ser a Ele subordinado e que é formado por pastores (também chamados de presbíteros, bispos ou anciãos) e diáconos, e todos devem zelar pelo cumprimento das ordens recebidas. Dentre essas ordens, os crentes devem obediência ao Senhor, sendo aos desobedientes as ordens das correções e punições. A igreja jamais deve tomar as formas do mundo, não deve amoldar-se aos baixos padrões dos pecadores e não deve tolerar desvios doutrinários nem de condutas.
Aos desviantes devem ser exercidas as justas, santas e sábias correções visando seus arrependimentos e conversões das suas práticas más e dos seus maus caminhos ou, em casos irreparáveis, suas exclusões. Se um irmão pecar e não se arrepender por si mesmo, ele deve ser corretamente repreendido visando o seu arrependimento e conserto, a fim de que volte à fidelidade ao Senhor. Se houver perseverança no pecado em lugar do necessário arrependimento, a disciplina deve ser aumentada, a critério do governo da igreja em submissão e prática dos padrões e exigências bíblicas. Mas se mesmo assim esse pecador perseverar na sua insubmissão ao Senhor da Igreja, a igreja deve expulsá-lo, considerando esse insubmisso como gentil (inconverso), no sentido de que não é um regenerado, é um réprobo, porque os que são de Cristo ouvem e acatam as suas ordens, as ovelhas do Senhor ouvem a sua voz e quem não ouve não é sua ovelha e, portanto, não deve estar entre os crentes numa igreja do Senhor.
Os discípulos do Senhor devem ter discernimento a ponto de saberem quando devem cessar de insistir num terreno rochoso, não devem dar aos cães o que é santo nem pérolas aos porcos (ilustrações fortes usadas pelo próprio Senhor Jesus), numa demonstração incisiva de que certas pessoas devem ser entendidas, infelizmente, como indignas de continuarem recebendo o que para os discípulos é santo e precioso.
A verdadeira fraternidade dos crentes, o Corpo de Cristo, é formada apenas por remidos que caminham em santificação - eles não são melhores em nada em suas naturezas caídas do que quaisquer pecadores, eles apenas acatam e se submetem às ordens do salvador em contraste com quem não acata e não se submete ao Senhor (o joio não é parte da igreja, mas, conforme as palavras do Senhor Jesus, são infiltrados plantados pelo Diabo) - e essas diferenças nas escolhas que as pessoas fazem sobre obediência ou desobediência diante do Senhor revelam as diferenças do que essas pessoas são (trigo X joio) e são distintivos entre os filhos de Deus dos filhos do Diabo. Nós não recebemos autorização do Senhor para ficar procurando o joio infiltrado, mas sim de focar nas ordens de santificação dos verdadeiros filhos de Deus. A igreja não pode ser adaptada aos padrões baixos dos homens caídos, mas deve mirar na sublimidade do Senhor. É na beleza da sua santidade que deve estar toda a nossa aspiração, e por isso devemos nivelar toda a nossa ministração nos seus elevados e gloriosos padrões, pois o Senhor está plenamente acessível aos remidos, com quem estamos perfeita união. Por causa dos atos redentivos do Senhor, todo crente verdadeiro tem livre acesso a Deus pois, no seu holocausto na cruz o véu da separação entre Deus e o seu povo foi rasgado, eliminando de uma vez por todas qualquer impossibilidade da nossa comunhão real com Ele. Por isso, somente os remidos, os santos do Senhor, podem adorar a Deus, somente os salvos têm suas orações ouvidas por Deus, somente os crentes verdadeiros compõem a igreja verdadeira e o cultuam verdadeiramente porque somente eles estão cobertos pelo poder do sangue de Cristo. Os não convertidos não têm esses privilégios e permanecem banidos da presença de Deus como cegos e mortos em seus delitos e pecados, e por isso, eles não compõem a igreja de fato e não fazem parte do Corpo de Cristo - a não ser que se convertam ao Senhor de verdade. E nós, os crentes, devemos discernir isso enquanto perseveramos na pregação e na prática do Evangelho exortando a todas as pessoas a que se arrependam dos seus pecados e creiam no Senhor, conforme as Escrituras.
A igreja não é formada por mundanos que querem continuar em rebelião contra o Senhor nas práticas dos seus pecados enquanto se misturam aos crentes, contaminando-os com suas imundícies, pois quem o faz ofende ao Senhor que morreu na cruz para nos salvar, justamente, dos nossos pecados. A Escritura ordena aos infiltrados dentre o povo que notadamente perseveram no pecado em resistência às ordens da santificação, que sejam entregues a Satanás pelo governo da igreja local, que esses sejam excluídos da comunidade da fé, pois, nesses casos, infelizmente ficou evidente, e de muitas formas, que as ministrações da misericórdia e da graça foram desdenhadas no reincidente desprezo que tais ímpios demonstram pelos meios de Graça de Deus que são ministrados pelos seus obreiros, um deboche que os ímpios infiltrados na igreja demonstram na perseverança cínica dos seus pecados, uma prevaricação ofensiva contra Deus e que, por isso, já não resta mais nada para os servos de Deus fazerem, a não ser, expulsar esses réprobos da comunidade da fé, porque se essa resolução extrema não for tomada, certamente o mau comportamento do pecador contumaz e rebelde contra o Senhor contaminará o comportamento de outros irmãos suscetíveis a essa má influência, assim como um pouco de fermento faz levedar a massa. Em toda a Escritura Deus ordena ao seu povo que não se contamine com os costumes dos ímpios, que se separe deles ao preço de se contaminarem com eles caso rejeitem as ordens do Senhor. Esse tipo de contaminação, de deixar-se influenciar pelos pecados dos outros, é chamado de prostituição, na Bíblia. O pecado é um mal contagioso e sempre deve ser tratado e purgado no seio da igreja antes que se espalhe feito um câncer com potencial de metástase.
Aos pecadores cínicos que são indiferentes às ordens da santificação e que desprezam a submissão aos padrões bíblicos já não resta nada a ser feita por esses a quem o próprio Senhor compara aos animais imundos dos tempos bíblicos, e esses réprobos devem ser entregues aos tormentos da exclusão da comunidade da fé, porque pode ser que somente assim, nesse estado de escassez espiritual, caiam em si e se arrependam enquanto estiverem sob o poderio de Satanás na serventia do pecado, e não mais sob os cuidados pastorais da graça e a autoridade da igreja, estando agora numa situação gravíssima onde pode ser que reste algum escasso fio de esperança, coisa muitíssimo remota circunscrita à própria consciência desse pecador contumaz que agora está destituído dos poderes de ministração da Graça de Deus através da igreja. Ele está por conta própria, e que arque com as consequências das suas reiteradas rebeliões.
Igrejas que não praticam as disciplinas eclesiásticas conforme ensinam as Escrituras desdenham das ordens de santificação que o Senhor impôs ao seu povo e, consequentemente, são comunidades infiéis que se deixam influenciar pelo espírito pecaminoso e blasfemo do mundo.
O objetivo final de toda disciplina eclesiástica é fazer com que o crente insubmisso ao Senhor seja restaurado na fé verdadeiramente bíblica e fiel ao Senhor para a santificação e edificação de toda a igreja, ainda que para isso seja necessário cortar galhos podres dela.
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