https://youtu.be/9knadbXLbD4?si=PZsID7uWx-yJ3woV
Parece que está dando o que falar a música (que parece, vai virar chiclete) dessa cantora gospel (Aymmê) por seu teor crítico a um tipo de "Evangelho" que é praticado por parte de muitos crentes e igrejas que o reduzem à auto-satisfação e assim negligenciam as necessidades que existem fora das "bolhas do sistema" (como a música chama a coisa), numa generalização bem besta e num ritmo musical meio "Maria Gadú" bem brisado e chato que tem pretensão de servir à reflexão e à denúncia.
É verdade que muitos "crentes" erram ao resumir sua expressão religiosa à satisfação dos seus próprios ventres (e creio que essa gente tem sido confrontada nesse pecado, e em caso de perseverança no erro Deus as confrontará). E, nessa crítica, eu não quero me ater aos casos de grotesco e evidente desvio da fé cristã que são amplamente praticados por muitas pseudo-igrejas e falsos pastores que enchem o próspero mercado do comércio religioso com seus empreendimentos soberbamente manipuladores, mentirosos e anticristãos - esses escândalos e seus lobos são amplamente conhecidos - e como escrevi, essas coisas não são igrejas.
Mas também é errado supor que igrejas verdadeiras têm o dever de agir como ONGs e que deveriam cuidar de todas as causas sociais no seu derredor, incluindo causas ecológicas, como supõe essa "música" (gemido?) de protesto - um grande equívoco!
Como é que comunidades de fé que são formadas predominantemente por gente simples pode dar conta de resolver problemas como queimadas e desmatamentos da Amazônia, mortes de animais e fome de crianças em lugares pobres? Muitas pessoas, como a jovem dessa canção, incorrem em delírios quando misturam responsabilidades de governos com a missão da igreja. E acho que elas só fazem isso para legitimar suas próprias negligências com a verdadeira missão da igreja, que é praticar fielmente o que a Bíblia realmente ensina - mas o povo mal lê suas Bíblias...
Recentemente conheci uma "missionária" marxista que é muito engajada na missão de cuidar de gente refugiada ou que sofre em tragédias. Esse é um tipo de trabalho realmente necessário (o da caridade, não o da ideologia), mas não é uma missão essencialmente cristã (Deus não a ordenou à igreja), é causa humanitária que tem sim influência de princípios cristãos do amor ao próximo mas que é corrompida por ser bastante esvaziada do amor primário a Deus, uma vez que não se baseia na exclusividade da sua glória.
Se não pode falar do Senhor Jesus não é missão cristã. Não existe verdadeiro amor ao próximo se não existir o amor primário a Deus por meio de Jesus Cristo.
Tanto não é missão cristã que o trabalho feito era composto por gente de qualquer origem religiosa e no seu exercício não era praticada a pregação do Evangelho nem nenhum ensino bíblico, pois essas práticas eram censuradas para não ferir a consciência de quem diverge da fé cristã que lá estava dentre os assistidos e voluntários. Quanto às exigências bíblicas da missão cristã original (ir por todo o mundo para pregar o Evangelho e fazer discípulos), isso a dita missionária parecia ignorar, pois se satisfazia com a "missão" de redistribuir doações aos necessitados (tendo por base o pensamento marxista de justiça social, não o Evangelho) num trabalho que deveria ser feito por ONGs, filantropias, voluntariado e pelo Governo. Se as igrejas focarem nesse tipo de ação (e nada obsta de ajudarem com o voluntariado) inevitavelmente sacrificarão sua missão verdadeira e se desviarão das ordens dadas pelo Senhor.
Igrejas existem, acima de tudo, para a prática da adoração a Deus e para a proclamação e o ensino da sua Palavra. Quanto aos cuidados com necessidades, as ordens são de não haver quem padeça necessidades dentro das suas comunidades, a prioridade é a assistência aos crentes desvalidos - e claro, havendo possibilidade de socorrer aos que estão de fora, toda boa igreja já faz isso, mas com discrição e sem fazer alarde, pois foi assim que ensinou o Senhor - e porque não é tocada a trombeta para o anúncio das obras de misericórdia muita gente pensa que nada é feito nesse campo de ação - e daí se vê, claramente, a inversão de valores nas práticas de misericórdia por parte do "mundo", porque fazer o bem para os não cristãos é coisa que só faz sentido se incorrer em reconhecimento, ou em glorificação, de quem está fazendo qualquer "bem" ao próximo.
A missão da igreja é cumprida na pregação do Evangelho, por todos os lugares. Assim é anunciada a salvação a todo tipo de gente e muitos deles são convertidos ao Senhor e são transformados em seus discípulos, aprendizes e seguidores. E esses se encarregam de expandir a multiforme missão cristã na disseminação da Palavra de Deus e nas ações, inclusive de misericórdia, que evidenciam piedade - e isso sempre está acontecendo - e se está acontecendo o chorume é descabido, é mera murmuração e maledicência!
Vai lá, em Marajó ou nos vilarejos dos ribeirinhos da Amazônia e veja a atuação dos missionários que estão pregando o Evangelho e servindo com ações de caridade muitas vezes bastante além das suas forças!
Muitas críticas que são feitas, como essa música que, a propósito, nada fala do Senhor Jesus, nem da sua obra, são embasadas muito mais em ideologias (neste caso a ideologia marxista, uma ideia oposta à doutrina do Senhor Jesus, pois mira uma utópica redenção social em lugar da espiritual - sendo que somente a verdadeira redenção em Cristo tem efeitos no todo da vida) e em expectativas humanas do que embasadas nas Escrituras, no que o Senhor da igreja requer de nós, os crentes. Embora nós também queiramos que todos os problemas do mundo sejam solucionados (óbvio!), que ninguém mais passe fome e que haja paz e justiça imperando sobre todos, nós sabemos que isso não passa de uma utopia juvenil e mundana, até porque desajustes como a fome, a miséria e as injustiças são derivadas do pecado humano, um mal que persevera na maioria das pessoas que resistem à oferta do Evangelho que continuamente é pregado pelos crentes fiéis. Em outras palavras, o principal problema da humanidade é o problema do pecado, e a única solução possível é a conversão ao Senhor Jesus pela pregação e pela fé no seu Evangelho.
Essa é a missão da igreja, lidar com o mal na sua essência, na raiz. O resto ou é desdobramento do principal ou é enxugar o gelo.