22/06/2022

Todo bem que fazemos são interferências de Deus em nós



Da mesma maneira como as árvores só podem frutificar em conformidade com a sua natureza, as pessoas só podem fazer, por si mesmas, o que a sua natureza está condicionada a fazer.

O que se pode esperar de um ímpio, senão, que ele pratique impiedade? - a não ser que uma força maior do que ele interfira no que ele é...

Esperar ações diferentes da natureza do coração é tolice. Somente dos corações regenerados pela Graça do Evangelho de Cristo deve-se esperar verdadeira piedade, e isso é um bem operado graciosamente por Deus ao transformar a natureza má de alguém para passar a agir conforme uma natureza nova e santificada, capacitando-a a ser imitadora do Senhor Jesus Cristo. Todo o resto, os não remidos por Cristo, ainda vivem conforme a velha natureza caída, e quando fazem algum bem, coisa abundante, esse bem é uma intervenção da graça comum de Deus refreando o mal potencial dos homens e fazendo com que produzam coisas boas. É por meio dessa graça que Deus age nas pessoas e através delas, quer creiamos ou não, para sustentar e conduzir a criação e a história conforme seus propósitos soberanos.

Se uma mãe ama seu filho, se um médico trata doentes, se um professor instrui alunos, se um cientista desenvolve conhecimentos, se um engenheiro projeta moradias, se algum artista produz belas artes ou um compositor faz belas canções, tudo isso, sem excessão, é obra da graça comum de Deus sustentando e conduzindo a sua criação pois, se a humanidade em pecado fosse deixada para agir apenas por si mesma ela produziria apenas os frutos horríveis condizentes com a sua natureza degenerada e perversa.

Vê Hitler ou qualquer caso de pessoa destacadamente perversa? Essencialmente esses não são muito diferentes de qualquer um de nós, caso Deus não interferisse no nosso mal potencial ou não nos tivesse remido. Quando Deus diminui a porção da sua graça operando em nós sobra apenas o livre potencial do pecado e sua monstruosidade, e é isso que acontece quando as pessoas se entregam ao pecado, elas se afundam nos seus males em rebelião contra Deus e repelem a sua graça.

Por isso a ordem ao arrependimento de pecados, e não a aceitação, nem a celebração, é tão necessária.

21/06/2022

A reação pública da igreja diante dos movimentos de celebração do pecado

Será que todo movimento que se propõe a confrontar as verdades que de Deus procedem e que fundamentam comportamentos e práticas requerem confrontação da parte dos cristãos?

Sim, mas da forma certa, bíblica.

Lembremo-nos que a luta da Igreja não é contra a carne (Efésios 5), contra a pessoa humana, não é material, mas sim espiritual nas áreas onde a espiritualidade atua. Assim, portanto, o nosso instrumento tanto revestidor da nossa vida (armadura) como de luta para o combate (espada) é a Palavra de Deus. E como se usa esse instrumento a não ser pregando e ensinando? 

Portanto a ação da Igreja (leia-se cristãos) diante da progressão do pecado nas suas mais diferentes formas e que redundam no agravamento da degeneração humana será sempre PREGAR O EVANGELHO e dar testemunho dele.

Movimentos como o LGBT+, o feminismo, pró-aborto, pró-ateísmo, pró-racismo, idólatras do dinheiro e de outros falsos deuses, etc devem ser confrontados pela verdade que de Deus procede e que foi especialmente confiada à Igreja.

O silêncio e a omissão da Igreja, ainda que por senso de autopreservação (porque é o Senhor Jesus quem a sustenta) jamais devem ser opções num mundo que afunda cada vez mais no pecado, porque a função da igreja de ser luz do mundo (fazer com que se veja a realidade pecaminosa das pessoas e apontar para a redenção em Cristo) e ser sal da terra (ser instrumento de esperança ao preservar, impedir o apodrecimento do mundo em pecado na sua completa degeneração) fazem parte da essência do que é ser igreja. Igreja que não dá testemunho público de Jesus Cristo é uma organização vencida pelo mundo, e isso, ser vencida, é oposto da natureza de ser da Igreja, pois nem mesmo as portas do inferno podem resistir ao seu avanço na força do Deus Todo-Poderoso que a sustenta.

A expansão do Reino de Deus

As igrejas bíblicas precisam considerar mais atentamente a ordem do Senhor de expansão do Evangelho e, um modo que (creio eu) precisa ser considerado para se fazer isso é o da divisão para a multiplicação.

Atualmente a tendência das igrejas é a da acomodação, ficando sua membresia acumulada por décadas numa convivência cômoda com muitos crentes bem preparados nas Escrituras mas entregues ao sedentarismo espiritual e à infrutibilidade, pois se entregaram ao comodismo numa congregação onde já tem quem faça os trabalhos, sobrando-lhes apenas a função cômoda de apenas estar presente, de ser servido, sem precisar se empenhar por fazer coisa alguma. Esse costume de apenas congregar por anos e anos sem que se assuma responsabilidades na seara não promove a verdadeira expansão do Evangelho. 

O certo é se praticar o discipulado das membresias visando a formação de servos capazes de ensinar outros em vez de se praticar um trabalho comum que é indefinidamente cíclico e sem propósitos, e assim, no discipulado propositado, considerando a maturidade dos irmãos, seria indicado que sob a condução da liderança da igreja local que se formassem grupos de irmãos destinados a formar novas congregações em outros locais, fazendo com que eles sejam migrados da igreja-mãe para a formação de igrejas-filhas. 

Assim é o crescimento orgânico e expansivo da Igreja e do Reino de Deus, através do discipulado dedicado e da divisão intencionada das igrejas visando a sua multiplicação e espalhamento por todas as partes do mundo.

Mas, para isso, precisamos mudar certa mentalidade de que igrejas devem ser grandes. Isso enche nossos olhos, é verdade, mas também os nossos orgulhos... Precisamos entender que quando uma igreja começa a ficar "grande" pode ser que ela esteja, na verdade "inchada", e que chegou a hora de dividí-la em igrejas menores que resultem na multiplicação e no espalhamento do trabalho dedicado pelo Reino do Senhor.

07/06/2022



A CERTEZA DA SALVAÇÃO

(mais um texto que saí escrevendo impulsivamente e que sei, será ignorado. Mas está aí, jogado ao vento para, queira Deus, edificar alguém...)

É uma tolice a ênfase que alguns segmentos cristãos dão ao tema da "certeza da salvação" como critério de validação de um verdadeiro crente que foi salvo pelo Senhor.

Por causa dessa ênfase pratica-se a distinção de crentes e inevitavelmente inculca-se certo orgulho religioso naqueles que consideram a si mesmos como mais aptos por cumprirem certos requisitos para fazerem parte do "clube dos distintos" por meio de um conceito equivocado para tornar-se membro de alguma igreja ou para passar pelo batismo.

É tolice e é equívoco esse conceito requisitório de "certeza da salvação" porque ele faz com que a pessoa valide se sua fé é verdadeira ou falsa ao olhar para si, para o seu testemunho, para a sua conduta moral e também para alguma experiência "espiritual" que teve com o Senhor e que o levou à conversão.

Já vi comunidade cristã impedir um crente, da mesma denominação, de participar de um trabalho evangelístico porque aquele irmão poderia não cumprir certos requisitos que aquela comunidade convencionou. Como saber se aquela pessoa era uma verdadeira salva? Na dúvida, pois não a atestamos, a excluímos.

É verdade que todo crente verdadeiro tem suas próprias experiências com Deus, e nisso podemos incluir a experiência de conversão, mas não pode ser coisa verificável a confiabilidade de algo essencialmente subjetivo e normalmente emocional.

Além disso, escrituristicamente, quando foi a conversão do Apóstolo Pedro, por exemplo? Foi quando o Senhor Jesus o chamou da pescaria para o seguir? Ou foi quando Pedro confessou quem o Senhor realmente era, o Cristo, o Messias? Ou foi quando, depois de ter negado horrivelmente ao Senhor, Pedro foi pelo Senhor restaurado? Ou foi no Pentecostes de Atos 2? Atestar a conversão e reduzí-la a um evento é tentar colocar numa caixinha ou numa planilha algo grande demais que não cabe em nada disso.

A verdadeira conversão ao Senhor Jesus é aquela que nos faz crer nEle, é a que nos faz considerar a sua Palavra como Verdade - como de fato é. Os conceitos teológicos da regeneração e da santificação são muito úteis e necessários, mas quando são aplicados nas histórias das nossas vidas nós nunca teremos um progresso linear que se encaixe em padrões e em cartilhas, pois o nosso caminho de fé é pessoal e inclui muitos altos e baixos, cair e levantar, sucessos e fracassos que no conjunto da obra, na perseverança no caminho, atesta-se o cuidado constante do Supremo Pastor sobre os seus. Então o que valida se alguém pode ou não ser aceito numa igreja como membro comungante ou para se submeter ao batismo para assumir-se discípulo do Senhor Jesus não são as nossas experiências espirituais pessoais (que podem ser fraudadas ou até mesmo despercebidas), coisa que difere de pessoa para pessoa, mas sim e unicamente, o que realmente valida um crente é a sua fé no Senhor baseada nas Escrituras, é crer de todo o coração no quanto a vida e a obra do Senhor Jesus são verdadeiros, é acreditar de verdade no que Deus fez por nós através do Senhor Jesus na cruz e no quanto o seu sacrifício vicário é eficaz para resolver o problema dos nossos pecados. Porque se acreditamos nisso esse será o fundamento da nossa salvação, e não nossas experiências. É acreditar na ressurreição do Senhor tanto quanto acreditamos nas coisas mais empíricas da vida, porque se acreditarmos nisso nós saberemos que a ressurreição é o destino também de todos aqueles que creem - fatos bíblicos que devem ser crenças centrais e comuns a todo crente verdadeiro e que podem ser verdadeiramente verificados pela profissão da nossa fé comum. Por isso, muito mais importante do que as experiências pessoais subjetivas é o ensino e o aprendizado das Escrituras, pois um crente verdadeiro é aquele que se conduz por uma fé consciente e não por uma fé emocional e subjetiva - até porque muita fé subjetiva é apenas emocional, falsa.

Ou seja, o critério mais importante para os crentes se reconhecerem salvos nunca será a certeza da salvação baseada num evento, mas sim a sua convicção no Evangelho, pois o verdadeiramente salvo não é aquele que olha para si - e isso é especialmente grave se esse crente passar a valorizar suas virtudes e usá-las como régua para medir as outras pessoas, tornando-se assim um hipócrita e soberbo, pecados que são odiados por Deus - mas, ao invés de olhar para si, o verdadeiro salvo é aquele que aprende a olhar para o Senhor e confiar nEle, mesmo que esse exercício de fé inclua uma persistente luta contra a sua miserável inclinação pecaminosa, numa santificação progressiva que não é igual para todo crente e que certamente implica em vitórias verdadeiras sobre o pecado e que acarretam na transformação do caráter, na mudança de costumes e de práticas, num processo gradual mas oscilante com muitos altos e baixos incluindo períodos de grande fervor intercalados por períodos de turbulência, de decepções consigo mesmo e até mesmo de dúvidas... O verdadeiro salvo, ou simplesmente um cristão verdadeiro, é aquele que sabe que ele nunca será régua moral firme o suficiente para os outros, pois somente o Senhor Jesus o é em perfeição e, apesar disso, Ele é misericordioso salvador de pecadores, ao passo que um cristão se reconhece apenas como servo, como um discípulo caminhando e aprendendo, procurando acertar mas que por vezes acaba errando, e por isso ele nunca se impõe como "santarrão", muito embora ele deseje e persiga a santidade - e a conquiste, gradualmente -, mas ele sempre aponta para o seu Senhor, Rei e Salvador como modelo perfeito para todos.

Diante disso não é improvável que dentre os salvos estejam aquelas pessoas que foram desprezadas e estigmatizadas por suas constantes lutas contra pecados nesta vida e que não serão achados entre os lavados e remidos por Cristo certos santarrões que projetam sua idolatrada moralidade e falsa santidade sobre os outros, mas que caíram no pior dos pecados (abaixo apenas da blasfêmia contra o Espírito Santo): o orgulho religioso - porque foi contra esses, muito mais do que contra os outros, que o Senhor Jesus se opôs nos Evangelhos.