24/07/2023

O servo sofredor


Você tem sofrido algum tipo de perseguição por causa da tua fé no Senhor Jesus Cristo?

A figura do "servo sofredor" é uma constante nas Escrituras. 

O Senhor Jesus como o "Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo" é a demonstração máxima e perfeita desse servo de Deus que sofre no mundo durante o exercício da sua missão (Isaías 53). De fato, Cristo padeceu por nossos pecados e foi severamente hostilizado pelos seus opressores e Ele, somente Ele realizou a obra da expiação de pecados dos eleitos de Deus. 

Contudo, não é somente o Senhor Jesus que é o servo sofredor de Deus. Na verdade, desde o Antigo Testamento os servos do Senhor sofreram neste mundo porque cumpriam uma missão conflitante com os ditames mundanos e suas práticas pecaminosas. Isso porque não cabe aos servos de Deus praticarem a omissão, aos servos de Deus é requerido que se posicionem sobre a vontade de Deus revelada perante o mundo do seu tempo. Os profetas do Antigo Testamento sofreram como mensageiros das ordens de Deus que conclamavam seus contemporâneos aos arrependimentos de pecados, e na maioria das vezes eles eram hostilizados e alguns morreram por isso.

A mesma coisa aconteceu com todos os discípulos do Senhor Jesus, que no exercício dos seus apostolados, todos foram severamente perseguidos, punidos e injustamente martirizados - e não somente os Apóstolos, mas os crentes da igreja dos primeiros séculos também sofreram provações e perseguições, em variados graus, por causa da sua fé evidente no Senhor Jesus Cristo.

No tempo presente continua sendo exatamente do mesmo jeito de sempre, pois a mensagem de Deus é a mesma e o mundo é o mesmo e o embate entra a luz do Evangelho contra as trevas de um mundo mergulhado no pecado continua sendo o mesmo. Os crentes fiéis são servos sofredores de Deus porque portam em si mesmos a luz de Cristo, a Graça de Deus, num mundo tomado pelas trevas do pecado. Crentes anunciam verdades que o mundo muitas vezes não quer ouvir (e esse "mundo" é muitas vezes personificado em gente querida ou próxima, como pai, mãe, irmãos, amigos, colegas de trabalho, patrões, etc) e, por vezes, reage com intolerância, perseguições, cancelamentos, cerceamentos e até violência - e é aqui que reside parte do problema, pois para evitarem esses confrontos, e por antecipação, muitos crentes fazem opção pela omissão perseverante, deixando de tomar posição clara nas celebrações de diversos pecados no seu entorno e se apegaram a um tipo de fé distorcida, inventada, que faz parecer que está tudo bem em ser omisso e covarde, em esconder reincidentemente sua suposta luz sob um alqueire a pretexto de autopreservação, e ainda costumam dar o nome de "sabedoria" para essa desonra ao Senhor, num raciocínio falacioso que é convencionado em igrejas muito pouco fiéis que se empenham por nivelar a vida cristã nos níveis mais baixos e indignos possíveis.

Pode ser que essas hostilidades por parte do mundo sobre os crentes não sejam tão frequentemente vistas no mundo atual (embora eu conheço casos de quem as sofra e certamente existem lugares onde essas perseguições são mais severas - como a Coréia do Norte, países africanos, etc), e talvez a tranquilidade do mundo caído em relação aos cristãos seja porque nele já existe ampla profusão da fé cristã em tipos prevalecentes de cristianismos bastante adaptados ao mundo, bastante mundanizados e apáticos em suas capacidades de ameaçar as práticas pecaminosas e a moral decaída no seu entorno. É um tipo de acordo entre um mundo tolerante e uma igreja repleta de crentes inofensivos cuja luz é muito fraca, opaca, pouquíssimo impactante nas trevas do mundo que convive bem com suas verdades adocicadas com intervenções na pureza da verdade de Deus, como fermentos misturados na massa para torná-la mais palatável e menos exigente para as freguesias do mundo. Por isso temos produzido muitos frequentadores de igrejas, que exercem ministérios e lideranças, inclusive, mas que, pode ser, jamais se converteram de verdade, haja vista a sua amizade colorida com o mundo (Tg. 4: 4).

Isso descreve bem uma realidade aparentemente conflitante nas Escrituras, a de que nos últimos tempos o Evangelho do Reino será pregado por todo o mundo e, ao mesmo tempo, haverá grande apostasia dos crentes e as iniqüidades se multiplicarão no mundo com.o clímax na manifestação do Anticristo - conforme indica, no Novo Testamento, serem alguns dos sinais que precedem o retorno do Senhor Jesus.

Como a igreja evangelizará o mundo, ela apostatará e o mundo ficará ainda pior?

Pela lógica não seria o contrário? Com a ampla evangelização do mundo a igreja deveria ser fortalecida e as iniqüidades do mundo deveriam ser enfraquecidas! Mas não é isso o que acontece. A igreja prega, em grande parte se enfraquece e o mundo evangelizado reage multiplicando iniqüidades. E por quê? Porque a igreja como luz do mundo e sal da terra tem por função iluminar o mundo com a verdade de Deus e assim detém o avanço da podridão do pecado. A igreja é uma espécie de balança de Deus no mundo. Uma igreja fiel resulta em maior iluminação do mundo e na detenção no avanço dos efeitos do pecado; em contrapartida uma igreja pouco fiel ilumina pouco o mundo e permite o avanço da podridão do pecado em todas as esferas da vida. E assim tem sido a igreja da nossa época: mundana, pouco fiel e pouco ativa no mundo, ao passo que a iniqüidade no mundo tem se multiplicado de forma acelerada, e isso ainda desembocará na manifestação do Anticristo.

A nossa época tem sido marcada pelo Evangelho sendo amplamente pregado,  distribuído por toda parte, mas numa qualidade cada vez menor em sua fidelidade escriturística e nas práticas subjetivas de gente que considera a si mesmo cristã, mas com muita infidelidade bíblica, e isso com a validação dos sistemas religiosos cada vez mais secularizados, e que têm cada vez menos da obra redentora de Cristo evidenciada - e isso pode ser comprovado na forma irrelevante como as práticas da sua apática fé interagem no mundo. É nula, ou quase isso, é agonizante. Isso porque por apostasia nós podemos entender 2 coisas concomitantes: 1 - o abandono da fé visto em pessoas que deixam de ser cristãs; e 2 - o desvio da fé em crentes e em sistemas religiosos que relativizam a necessária fidelidade escriturística, adotando novas diretrizes e as misturando numa fé adulterada e sincrética.

O Senhor Jesus Cristo requer daqueles que querem seguí-lo nada menos do que o todo das nossas vidas - e isso inclui fidelidade escriturística e posicionamento perante o mundo. Aqueles que tentam um equilíbrio entre os seus senhores (Deus e o mundo) estão se enganando, pois servem somente ao deus iníquo do mundo e apenas enganam a si mesmos com suas práticas religiosas superficiais, uma vez que Deus não divide a sua glória com ninguém. 

Muito provavelmente a maioria dos cristãos do nosso tempo não sabe o que é ser um servo sofredor e não sofre perseguições por causa da fé simplesmente porque a qualidade dos cristianismos da nossa época é predominantemente mundana e, consequentemente, como frutos e promotores de sistemas comprometidos que são, eles ainda estão em cima do muro, são omissos relativizadores da fé e não são servos evidentes do Senhor Jesus - e isso requer arrependimento e a firme decisão de servir ao Senhor não conforme os ditames das instituições religiosas secularizadas, mundanizadas (cujos defensores - normalmente seus líderes - acusam os reformistas de serem divisionistas, de trabalharem contra a união dos irmãos, de serem orgulhosos, arrogantes, de se sentirem os donos da verdade, de serem insubmissos, ingratos, etc) mas sim, a decisão mesmo contra toda a maré de prosseguir unicamente em submissão aos preceitos de Deus nas Escrituras (eis um aspecto importante da perseverança dos santos), um dever que toda igreja que se propõe a ser fiel ao Senhor acata e milita submissa, ainda que isso seja uma raridade vista na sempre minoria dos remanescentes fiéis.

"E na verdade todos os que querem viver piamente em Cristo Jesus padecerão perseguições."

2 Timóteo, 3: 12


"Em seguida dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e siga-me.

Pois quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim, esse a salvará."

Lucas, 9: 23, 24


"Amados, não estranheis a ardente provação que vem sobre vós para vos experimentar, como se coisa estranha vos acontecesse; mas regozijai-vos por serdes participantes das aflições de Cristo; para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e exulteis. Se pelo nome de Cristo sois vituperados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória, o Espírito de Deus."

1 Pedro, 4: 12 - 14


"Infiéis, não sabeis que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus."

Tiago, 4: 4


"Era desprezado, e rejeitado dos homens; homem de dores, e experimentado nos sofrimentos; e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum.

Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e carregou com as nossas dores; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido.

Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e esmagado por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.

Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de todos nós.

Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a boca; como um cordeiro que é levado ao matadouro, e como a ovelha que é muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a boca.

Pela opressão e pelo juízo foi arrebatado; e quem dentre os da sua geração considerou que ele fora cortado da terra dos viventes, ferido por causa da transgressão do meu povo? 

E deram-lhe a sepultura com os ímpios, e com o rico na sua morte, embora nunca tivesse cometido injustiça, nem houvesse engano na sua boca.

Todavia, foi da vontade do Senhor esmagá-lo, fazendo-o enfermar; quando ele se puser como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade, prolongará os seus dias, e a vontade do Senhor prosperará nas suas mãos.

Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo justo justificará a muitos, e as iniqüidades deles levará sobre si."

(Isaías, 53: 3 a 11)


Sejamos mais corajosos!

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