Nem toda aparência de "evangélico" é Evangelho.
Na verdade, muitos deles são armadilhas.
Não é porque apresenta a si mesmo como "servo de Deus" que realmente o seja.
Muitos lobos se apresentam como ovelhas, e muitas vezes como pastores - e tá cheio desses charlatões por aí - em variados graus, como acorre em qualquer tipo de corrupção - uns são mais, outros menos, mas todo corruptor é corrupto. Nesses nossos tempos parece que os cretinos estão em maior proeminência!
Gente indigna de confiança costuma atrair legiões de incautos como seus seguidores. E nessa feira-livre de ofensas ao Senhor ninguém é inocente, nem o enganador, nem seus enganados. Se a proposta for um estudo bíblico responsável ou uma reunião de oração biblicamente orientada sempre aparecem poucos crentes. A resistência e a má vontade imediatamente se manifestam. Mas se for um evento temático, um "culto da vitória", um louvorzão, aí a casa enche.
Os cultos bíblicos têm sido recorrentemente descartados, substituídos pelo bundalelê gospel, pela fanfarra das emoções, pela psicologização da fé, pela empresatização das igrejas e pelas contemporanizações, porque a forma fiel e ordenada de adoração a Deus não enche as igrejas (e não dá muito dinheiro) e seria "ultrapassada e ridícula", conforme alguns, prepotentemente, dizem - e ainda acusam de "orgulhosos"e de "soberbos" os que resistem à essa mundanização (adjetivos que eu ouço há anos).
Enganadores reagem às exposições dos seus erros contra-atacando. Normalmente eles dizem que é "capricho" insistir no que é certo à luz (apenas) das Escrituras, que é "mimimi" fazer apontamentos no que precisa ser corrigido, que é "murmuração" expor os descaminhos e os maus ensinos da fé e que é "muito santo" (termo infelizmente usado de forma pejorativa) quem busca os altos padrões das Escrituras.
A exposição de pecados gera, necessariamente, um dos dois frutos: ou o desejável arrependimento evidenciado na correção dos erros ou o endurecimento do coração comprovado na continuidade e na justificação desses erros. E, infelizmente muitos líderes religiosos têm preferido reiterar seus erros, desvios e rebeliões com justificativas espúrias e mundanas, ou pior, adulterando o sentido das Escrituras para legitimar seus erros. O fruto visto nesses casos, então, é o deplorável endurecimento do coração, o oposto do que a santificação produziria. E no caso do endurecimento comprovado, sendo perseverante, o seu transcurso será a indesejável apostasia. Se errou o caminho, errará também o destino.
Infelizmente, nessa luta pela verdade, alguns pastores que a conhecem a têm relativizado para proteger a sua condição, as suas escolhas, seus feitos e ambições. Já não é incomum afrouxarem a proclamação doutrinária para, em seu lugar, porem em dúvida a boa teologia ortodoxa. Esses são infelizes que se perdem na autoconfiança. Ideias contemporâneas de fluidez já foram acrescidas às convicções de muitos, como um câncer que adoece e como ferrugem que corrói a fé que deveria ser professada e proclamada sem alterações, exatamente como a recebemos dos Apóstolos do Senhor. Não se teme mais beber água do esgoto, pois a presunção de quem o faz o entorpece, levando-o a crer que poderá discernir o bem do mal num amontoado de confusões do qual se alimenta. E assim o afrouxador e relativizador da fidelidade à verdade tem tido seus crescentes pique-niques no parque com o pai da mentira, crendo, tolamente, que sairá imune do veneno transtornador que bebeu na medida em que deu ouvidos à Satanás.
Não seja o trouxa que se deixa conduzir por falsos mestres e falsos profetas. A Palavra de Deus está aberta, disponível a todos. Confira se o que teu pastor diz corresponde ao ensino do Senhor Jesus Cristo que foi confiado aos seus Apóstolos para conduzir a igreja até o último Dia. Ah, mas como você poderá conferir se não estuda a Bíblia, se não tem base nenhuma para checar as coisas, se a tua leitura é apenas rasa, superficial, sempre se contentando com o mínimo possível, sendo, portanto, estéril e subserviente a quem te manipula?
O conhecimento das coisas de Deus é um tesouro que se adquire paulatinamente. O conhecimento da Palavra de Deus é uma riqueza acumulada ao longo do tempo e que é consolidada por muitas provações e desafios de fé ao longo da vida. O verdadeiro conhecimento de Deus não pode ser meramente teórico, as palavras do Senhor são "espírito e vida". Sem o teste da prática o saber torna-se inútil e sem o conhecimento das Escrituras toda provação resultará em reprovação da fé de um crente que é muito frágil porque foi muito mal fundamentada na rocha.
A ignorância em pessoas adultas não é resultado, apenas, da negligência pessoal, é também (e, talvez, principalmente) o resultado intencional de algum projeto de poder que quer as pessoas subservientes devido ao baixíssimo potencial crítico, seja esse projeto político, religioso ou qualquer outra forma de se ter poder sobre os outros - afinal, qual líder corruptor quer ser questionado por algum dos seus subordinados? Qual tirano deseja ser confrontado pela verdade? Só deseja o conhecimento da verdade, um bem libertador, quem de fato a ama - e o Senhor Jesus é a personificação máxima da verdade. E a verdade deve ser CONHECIDA e os bons líderes devem serví-la, fazendo-a conhecida!
Uma vez um pastor me disse:
_ Eu sei o que você pensa de mim, pensa que eu sou um falso mestre.
Ao que lhe respondi:
_ Falso mestre é quem ensina falsa doutrina. Ensine o certo e não será um falso mestre.
Diante da feira-livre vigente em que as vozes prevalecentes têm vendido uma fé corrompida e ajustada aos gostos da freguesia, uma realidade em que as distorções e mentiras têm prosperado e elevado perversos ao estrelato religioso, o que fazer? Sempre existe ESPERANÇA, pois o Senhor sempre preserva o seu remanescente fiel - mas será que você é parte disso? É o teu amor pela verdade que comprovará isso. Enquanto muitos têm pervertido o Evangelho (em diferentes graus) uns punhados de crentes fiéis estão perseverando fora dos holofotes - esses crentes sempre existirão! Provavelmente você não encontrará o caminho de Cristo na feira-livre, você terá que buscá-lo de todo o coração, não nas superfícies, e o Senhor mesmo te conduzirá pela verdade, mas ela está num caminho estreito e apertado, não nos holofotes nem nas facilidades, pois conhecer a Cristo é uma jornada de redenção, de auto-renúncia e de mortificação do pecado em perseverante santificação.
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