19/07/2023

O ódio à santidade de Deus

 


O ódio à santidade de Deus

O fator central da iniqüidade de se resistir à oferta da Graça de Deus para se perseverar no pecado é o ódio e o desprezo que todo amante da iniqüidade tem em relação à santidade de Deus e ao seu valor inegociável. 

Santidade é separação, incontaminação, é parte indissociável da glória inerente do ser de Deus. A santidade de Deus é um atributo que o define e todos os demais atributos são pela sua santidade plena e perfeita definidos também (o amor de Deus é santo, sua sabedoria e seus pensamentos são santos, seus atos são santos, sua justiça e a sua ira são santos, sua Lei e as suas palavras são santas, etc). 

Deus é Santo, Santíssimo, imaculado, incorruptível e a sua sabedoria, seu poder, seu amor - tudo nele é santo e nenhum dos seus atributos ou qualidades podem ser corrompidos, subvertidos, adequados ao pecado ou aos preceitos dos homens (por isso nem tudo o que se diz ser amor pode ser validado por Deus). É impossível a Deus negar-se a si mesmo, abdicar da sua santidade, pecar, mentir, não cumprir o que diz, ordena ou promete. Ele não é parte da criação (santo, separado dela) mas se impõe sobre ela e uma vez que sua santidade é incorruptível ocorre o confronto entre a santidade de Deus e o pecado que degenerou os homens e toda a criação que lhe foi sujeita. E nesse confronto não existe paridade de forças, pois a santidade de Deus repele a qualquer contaminação do pecado e a fulmina como um fogo destruidor. Nisso somos inimigos por natureza, Deus em sua Santidade, causa de admiração, adoração e de temor pelos santos anjos, e nós, pecadores e devotos das corrupções do pecado ao lado de anjos caídos, os demônios, todos inimigos de Deus em essencial aversão à sua santidade que nos representa o perigo do juízo iminente, da imposição inescapável da sua santa justiça 

Deus e a sua santidade (que é um fogo consumidor) são o que o pecado mais odeia. Por isso o ódio contra o Senhor Jesus Cristo, contra o seu Evangelho e contra o seu povo, sua Igreja, os portadores da Graça do Evangelho - porque é pela obra de Cristo, conforme impõe o Evangelho, que o problema do pecado é plenamente resolvido, reconciliando o homem com Deus e com sua santidade por meio da conversão em fé e do inegociável arrependimento de pecados - imposições feitas pelo próprio Deus que exige dos crentes a santificação, em imitação ao Senhor Jesus, sem a qual ninguém verá a Deus.

O amante da sua iniqüidade sempre tentará justificar o seu desprezo pela santidade de Deus em subterfúgios menores, como os desdobramentos pontuais que a santidade de Deus produz nos crentes nas suas práticas, nas suas defesas de valores e cosmovisões. Por exemplo, o iníquo justificará o seu posicionamento na descrença e na rebelião contra Deus numa discordância que tem em relação à "opinião" do crente sobre um determinado assunto de fé ou de prática (não concordo que a salvação seja somente pela fé em Jesus Cristo, não concordo que eu deva servir a Jesus frequentando uma igreja, não concordo com a divindade de Jesus, não concordo que as demais religiões estejam erradas, não concordo que aborto seja assassinato, não concordo que homossexualidade seja pecado, não concordo que mulheres devam ser submissas aos maridos, etc) e provavelmente o rotulará com termos pejorativos ou carregados de juízo conforme foram convencionados pelos valores morais (voláteis) de determinado grupo (fundamentalista, homofóbico, intolerante, ignorante, fanático, retrógrado, misógino, etc), mas, na verdade, o que eles odeiam é o desdobramento da santidade de Deus que se impõe sobre todas as coisas em confronto com todas as formas de degeneração pelo pecado nos múltiplos desdobramentos da vida na medida em que o Evangelho do Senhor Jesus a tudo ilumina, tornando evidentes todas as coisas que se apodreciam nas trevas do pecado e que agora, sob a luz do Evangelho foram expostas, se tornaram conhecidas e seus praticantes necessitam de transformação, de purificação e de redenção.

Tenho dúvidas se os crentes sempre devem procurar "fazer pontes" para compreenderem o lugar de fala e as proposições dos que resistem às misericórdias de Deus porque odeiam a sua santidade, uma vez que certas pontes exigem medidas de condescendência e de relativização em relação ao valor inegociável da santidade de Deus conforme muitos crentes contemporanizam e adequam suas mensagens aos seus ouvintes, tornando a Palavra de Deus palatável às exigências de quem quer decidir o quê e como devem receber, como se fossem senhores daquilo que consomem e reduzem Deus e a sua Graça a um produto (como se pudessem) semelhante a qualquer coisa que podem escolher numa prateleira. Não temos que compreender os discursos elaborados a partir das cosmovisões dos ímpios e do seu amor pelos mais diversos pecados a pretexto de ser a partir dessa "compreensão" que poderemos ter acesso e conquistar a confiança dessa gente para que nos dêem ouvidos quando lhes pregarmos o Evangelho - até porque todos nós já conhecemos muito bem o que é o pecado, um mal que a todas as pessoas é comum. Sob o pretexto de fazer pontes nós corremos o risco de cair nas seduções da serpente, porque certamente não podemos domar a sua malícia, não devíamos dar conversa ao homicida que é, também, o expert pai da mentira. O que temos que compreender é a Palavra de Deus e o severo nível de alienação que o mundo no pecado tem acerca de Deus e da sua verdade, e temos que iluminar esse mundo com a pregação sobre quem é Jesus Cristo e o que Ele fez para reconciliar pecadores com o Deus santíssimo, porque Ele, Jesus, é a luz do mundo perante quem todas as coisas devem ser esclarecidas. Muitas vezes as supostas pontes que alguns constroem são para tentar esconder a luz da Graça do Evangelho do Senhor Jesus debaixo das suas sombras. São tentativas de se ter algum poder de controle sobre o poder da sua luz.

Pregar as verdades de Deus tem eficácia por si mesmo, e a sua luz sempre produzirá um dos dois únicos efeitos possíveis: ou amolecerá o coração de quem for iluminado pela exposição do Evangelho ou endurecerá esse coração, isso porque o mesmo sol que amolece a cera faz o barro endurecer.

O Evangelho é, em si mesmo, o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê. Nada pode ser maior demonstração do poder de Deus neste mundo do que o supremo milagre da encarnação do seu Unigênito com a finalidade de ser o Cordeiro de Deus que tira os pecados do seu povo, obra que Jesus realizou perfeitamente no holocausto de si mesmo na cruz, na qual Ele venceu as forças do pecado, e de Satanás, e da morte, da qual ressuscitou reassumindo a sua glória ao lado de Deus-Pai nos céus. E esse poder das boas-novas de salvação é eficazmente comunicado aos eleitos de Deus quando o Evangelho lhes chama à fé. 

Essa salvação realizada por Cristo é da condenação do justo juízo de Deus ao inferno. É a repulsa eterna da santidade de Deus e de arder para sempre, e conscientemente, no fogo consumidor do próprio Deus. E a fé é um dom que é dado por Deus para quem Ele soberanamente decide dar, mas sempre através da comunicação do Evangelho que nos redime, nos outorga o pleno perdão de pecados e nos santifica para desfrutarmos eternamente de Deus e das glórias da sua santidade, agora não como inimigos e sim como reconciliados pelo poder do Sangue do Cordeiro, o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo que nos torna santos assim como Ele é.