O desgosto é desmotivador. Diante da multiplicação dos cinismos falta o ânimo para arguir, para ponderar, para lutar. As vezes me pergunto: de quê adianta?
O coração de luto promove o silêncio e o desejo de retirar-se.
Já houve luta, manifestações da vontade, esperança. Isso vai e vem. Mas não raramente muitas esperanças nos traem e sobra o espanto e a apatia de ver o horror se deleitando em seus consecutivos, mas breves e pontuais triunfos.
Sei que a iniqüidade se multiplicaria, mas vê-la prosperando sem ter muito o que se fazer é aterrador. As muitas mentiras são novas normas e o certo tem sido castrar a verdade e a justiça, inconvenientes cada vez mais perigosos.
Mas estou aprendendo que até o desgosto pode ser virtude, porque é mera reação, um sintoma do campo dos sentimentos, coisa subjetiva bem menor do que as certezas que estão mantidas, uma fé consolidada e cada vez mais clara de que ainda que essa geração toda seja varrida por um tornado que a desterre, e isso pode incluir a mim, pois sou parte dela, a verdade e a justiça nunca serão vencidas porque o seu Senhor sempre será triunfante.
Nada foi mais difícil do que a cruz, e ela foi vencida por aquele que se ofereceu em sacrifício por gente decadente como eu e vocês.