28/07/2025

A Pessoa do Senhor Jesus Cristo

“Quem diz a multidão que eu sou?
E vós, quem dizeis que eu sou?”
Lucas 9:18 e 20
 
O impacto causado pela vida do Senhor Jesus foi muito grande.  
Muito embora nem todos tenham crido, Ele não pode ser ignorado – tanto é que a história é dividida em  Antes e Depois de Cristo. 
Muitas foram e são as interpretações acerca de quem era aquele homem, e a igreja primitiva (também)  sofreu bastante com ensinos heréticos que tentavam explicar quem Ele era à luz de outras crenças,  incluindo a filosofia grega. 
Seria Ele um revolucionário? Um pacifista? Um líder mal compreendido? Um dos modos de Deus? Uma  aparição? Um semideus como os da mitologia grega? Um espírito evoluído? Ele foi criado? Sua  natureza era humana ou divina? Como explicá-lo? 
  
No período dos Apóstolos, a primeira geração da Igreja logo que o Senhor ascendeu aos céus (a igreja  primitiva) sofria com falsos mestres infiltrados que ensinavam subversões da fé (além dos sofrimentos  da perseguição aos cristãos pelo império romano). 
É em resposta a esses falsos ensinos que boa parte dos textos do Novo Testamento foram escritos  ainda sob a inspiração e autoridade dos Apóstolos (Mt. 28: 18 - 20). Por exemplo, o Evangelho de  João – que dos 4 é o Evangelho mais empenhado em explicar a PESSOA do Senhor (os sinóticos –  Mt, Mc e Lc - são Evangelhos mais empenhados nas NARRATIVAS HÍSTÓRICAS e nos discursos do  Senhor enquanto que João é ONTOLÓGICO – “Eu sou…” - dedicando-se a ensinar sobre QUEM É  Jesus) foi escrito para combater o Gnosticismo, uma corrente filosófica que fazia distinção entre a  matéria e o espírito e que ensinava seus adeptos a cultivarem a “gnosis” (o conhecimento) como forma  de elevarem seu espírito em desprezo à matéria. Essa crença dicotômica grega promoveu heresias  que atacavam diretamente as concepções sobre a pessoa do Senhor. A carta aos Gálatas foi escrita  para combater o movimento judaizante naquela época. A Carta aos Coríntios foi escrita para corrigir o  sincretismo religioso dos gregos convertidos que traziam para a prática cristã os costumes religiosos  (místicos) que tinham antes da conversão...  

Então, nas primeiras décadas da Igreja primitiva a pregação e o ensino das Escrituras e do Evangelho  eram pelo método oral, passando a serem escritas (gerando os textos que temos nas nossas bíblias)  como forma de se documentar os fatos históricos e as doutrinas apostólicas (autoridades constituídas  pelo Senhos) para se fazer resistência aos falsos mestres e falsos profetas e assim transmitir o  ensino apostólico com segurança para toda a Igreja que já se espalhava pelo mundo antigo, incluindo  os povos gentios (não judeus). 

E foi com esses escritos (cartas) que circulavam pelas igrejas que a fé foi mantida numa mesma  doutrina cristã, tendo como seu fundamento a doutrina de quem é o Senhor Jesus Cristo e da sua  obra. 
Assim, a fé cristã é, essencialmente, uma fé escriturística = baseada nas Escrituras, na Bíblia.

“Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim.” (João 5: 39)

E por que devemos confiar na Bíblia? 

2 Pedro 1: 20, 21 - ”Sabendo, primeiramente, isto: que nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação;  porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens [santos] falaram da parte de Deus,  movidos pelo Espírito Santo.”  

2 Timóteo 3: 16, 17 - ”Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção,  para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.”  

Testemunhos internos dos Evangelhos acerca de quem viu ao Senhor Jesus pessoalmente: 

1) João Batista – Jo. 1: 29 - 34 
“No dia seguinte, viu João a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” 

2) Pedro – Mt. 16: 15 - 16 
“Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou? 
Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.” 
3) André – Jo. 1: 41 
“Ele achou primeiro o seu próprio irmão, Simão, a quem disse: Achamos o Messias (que quer dizer Cristo).” 
4) Os samaritanos – Jo. 4: 42 
“e diziam à mulher: Já agora não é pelo que disseste que nós cremos; mas porque nós mesmos temos ouvido e sabemos  que este é verdadeiramente o Salvador do mundo.” 

5) O centurião (oficial do exército romano) – Mt. 27: 54 
”O centurião e os que com ele guardavam a Jesus, vendo o terremoto e tudo o que se passava, ficaram possuídos de  grande temor e disseram: Verdadeiramente este era Filho de Deus.” 

Testemunhos dados pelo Senhor Jesus a seu próprio respeito: 

1) Que Deus era o seu próprio Pai - Jo. 5: 18 
2) Que ele era o pão da vida, e quem nele cresse não sentiria mais fome ou sede – Jo. 6: 35 3) Que ele era a luz do mundo, e quem o seguisse teria luz e vida – Jo. 8: 12 
4) Que ele é a porta, e quem entrar por ele será salvo – Jo. 10: 9 
5) Que é o bom pastor que dá vida pelas suas ovelhas – Jo. 10: 11 
6) Que ele e o Pai são um – Jo. 10: 30 – 33 
7) Que quem o via, via ao Pai – Jo. 14: 8 - 9 

Testemunho dado pelo Pai acerca do seu Filho
(Mateus 3: 16, 17): 
“Batizado Jesus, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba, vindo  sobre ele. E eis uma voz dos céus, que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.” 

Qual é a única maneira de conhecermos a Deus? 

Mateus 11:27 - ”Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai,  senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar.”  
João 1: 18 - “Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou.” 

Qual é a única maneira de nos aproximarmos de Deus? 

João 14: 6 - “Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” 

“Acreditar” em Deus é o bastante? 

Tiago 2: 19 - “Crês, tu, que Deus é um só? Fazes bem. Até os demônios creem e tremem.” 
João 14: 1 - “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim.” 

O objetivo dos registros escritos sobre Jesus nos Evangelhos: 

João 20: 30, 31 - “Na verdade, fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro.  Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em  seu nome.” 

E qual é o principal ensino de toda a Escritura? (Ler Colossenses 1: 13 a 20)
Crer no Senhor Jesus Cristo é crer no que as Escrituras dizem acerca dele e da sua obra. 

Romanos 11: 36 - “Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!” João 1: 3 - ”Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez.”  Apocalipse 22:13 - “Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último,o Princípio e o Fim.”  

Todo o Antigo Testamento aponta para a vinda do Messias (o Ungido, em hebraico = o Cristo, em grego) e todo o Novo Testamento ensina como se vive a fé em Cristo e o que há de acontecer como  desdobramento da sua vinda. 

O principal ensino, a principal doutrina é sobre a Verdade = Jesus (“Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida;  ninguém vem ao Pai senão por mim.” - João 14: 6)  

E compreender corretamente sobre quem é o Senhor faz com que nossa comunhão com Deus, serviço e vida cristãos sejam verdadeiros e santificados. 

Porque: 
“...Quem me vê a mim vê o Pai…” (João 14: 9) 

Ver (= conhecer/ ver com os olhos da fé = “Olhando para Jesus, autor e consumador da fé” - Hebreus  12: 2) 
Ver/ conhecer ao Senhor Jesus é ver/ conhecer a Deus: 
”Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser…” (Hebreus 1: 3) 

E nós vemos/ conhecemos ao Senhor Jesus NÃO através dos nossos sentidos naturais  (como a visão), mas sim e UNICAMENTE pelas Escrituras: “E, começando por Moisés, discorrendo  por todos os Profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras.” (Lucas 24:27) / “a  fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo.” (Romanos 10:17) 
“Disse-lhe Jesus: Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram.” (João 20: 29) 10

Mesmo tendo as Escrituras encerradas com o Novo Testamento os embates entre a verdade  bíblica e os falsos ensinos que eram influenciados por outras crenças pagãs e por filosofias  persistiu durante os primeiros séculos da era cristã.  

E ainda no primeiro século os mestres cristãos se empenhavam em criar formas de se ensinar  a fé cristã de uma forma coesa e fiel, surgindo assim documentos como as confissões de fé.  O “credo apostólico” é um desses documentos amplamente aceito por muitas tradições  cristãos – incluindo a nossa. E ele afirma: 

O Credo Apostólico 
(provavelmente ainda no século 1 D.C.) 

Creio em Deus Pai, todo-poderoso, Criador do céu e da terra; 
E em Jesus Cristo, seu único Filho, Nosso Senhor, 
Que foi concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu da Maria Virgem;
Padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos,  
foi crucificado, morto e sepultado;
Desceu ao inferno, ressuscitou ao terceiro dia; 
Subiu ao Céu, está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso, 
De onde há de vir a julgar os vivos e os mortos. 
Creio no Espírito Santo, 
Na Santa Igreja universal de Cristo (católica),
na comunhão dos Santos,
Na remissão dos pecados, 
Na ressurreição do corpo, 
Na vida eterna. 
Amém. 

Um dos documentos feitos por concílios eclesiásticos da época posterior à época dos  Apóstolos foi o Credo Niceno em 325 D.C.(época da Patrística – os Pais da Igreja),  posteriormente aperfeiçoado em 381. 
Sua ênfase era a de afirmar a doutrina sobre Jesus Cristo em oposição às heresias que  ameaçavam o ensino fiel segundo as Escrituras. 

O Credo (ou símbolo) niceno-constantinopolitano é uma declaração de fé cristã aceita pela Igreja Católica, a Igreja Ortodoxa, as  Igrejas ortodoxas orientais, a Igreja Anglicana e a Igreja luterana e as demais denominações protestantes históricas.

Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso, Criador do Céu e da Terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis. 
Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, 
Filho Unigénito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos: Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro; gerado, não criado, consubstancial ao Pai.
Por Ele todas as coisas foram feitas. E por nós, homens, e para nossa salvação desceu dos Céus. E encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria. E se fez  homem. Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos; padeceu e foi sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras; e subiu aos Céus, onde está sentado à direita do Pai. De novo há-de vir em sua glória para julgar os vivos e os mortos; e o seu Reino não terá fim. 
Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai e do Filho; e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: Ele que  falou pelos Profetas. 
Creio na Igreja, Una, Santa, Católica e Apostólica. Professo um só batismo para a remissão dos pecados. E espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há-de vir. 
Amém.  

Mas a luta pela fidelidade no ensino e na fé das Escrituras é uma constante na Igreja, coluna  e baluarte da verdade - 1 Timóteo 3:15 - “fiques ciente de como se deve proceder na casa de Deus, que é  a igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade.” 
Tanto que na Idade Média a igreja institucional predominante estava de tal forma desviada do  caminho fiel ao Senhor que foi necessário acontecer um grande movimento conhecido como  “reforma protestante”, que produziu documentos de fé para que os crentes perseverem fiéis  ao ensino bíblico. 

Essa “luta” para se preservar a sã doutrina diante dos muitos enganos que advêm do “pai da  mentira” nunca cessou e continuará até o Dia do retorno do Senhor... 

Confissão de Fé de Westminster 
CAPÍTULO II 
DE DEUS E DA SANTÍSSIMA TRINDADE 

I. Há um só Deus vivo e verdadeiro, o qual é infinito em seu ser e perfeições. Ele é um espírito puríssimo,  invisível, sem corpo, membros ou paixões; é imutável, imenso, eterno, incompreensível, - onipotente,  onisciente, santíssimo, completamente livre e absoluto, fazendo tudo para a sua própria glória e segundo  o conselho da sua própria vontade, que é reta e imutável. É cheio de amor, é gracioso, misericordioso,  longânimo, muito bondoso e verdadeiro remunerador dos que o buscam e, contudo, justíssimo e terrível  em seus juízos, pois odeia todo o pecado; de modo algum terá por inocente o culpado. 
Deut. 6:4; I Cor. 8:4, 6; I Tess. 1:9; Jer. 10:10; Jó 11:79; Jó 26:14; João 6:24; I Tim. 1:17; Deut. 4:15-16; Luc. 24:39; At. 14:11, 15;  Tiago 1:17; I Reis 8:27; Sal. 92:2; Sal. 145:3; Gen. 17:1; Rom. 16:27; Isa. 6:3; Sal. 115:3; Exo3:14; Ef. 1:11; Prov. 16:4; Rom.  11:36; Apoc. 4:11; I João 4:8; Exo. 36:6-7; Heb. 11:6; Nee. 9:32-33; Sal. 5:5-6; Naum 1:2-3. 

III. Na unidade da Divindade há três pessoas de uma mesma substância, poder e eternidade - Deus o  Pai, Deus o Filho e Deus o Espírito Santo, O Pai não é de ninguém - não é nem gerado, nem procedente;  o Filho é eternamente gerado do Pai; o Espírito Santo é eternamente procedente do Pai e do Filho. 
Mat. 3:16-17; 28-19; II Cor. 13:14; João 1:14, 18 e 15:26; Gal. 4:6. 

CAPÍTULO VIII 
DE CRISTO O MEDIADOR 

I. Aprouve a Deus em seu eterno propósito, escolher e ordenar o Senhor Jesus, seu Filho Unigênito, para  ser o Mediador entre Deus e o homem, o Profeta, Sacerdote e Rei, o Cabeça e Salvador de sua Igreja, o  Herdeiro de todas as coisas e o Juiz do Mundo; e deu-lhe desde toda a eternidade um povo para ser sua  semente e para, no tempo devido, ser por ele remido, chamado, justificado, santificado e glorificado. 
Isa. 42: 1; I Ped. 1: 19-20; I Tim. 2:5; João 3:16; Deut. 18:15; At. 3:20-22; Heb. 5:5-6; Isa. 9:6-7; Luc. 1:33; Heb. 1:2; Ef. 5:23; At.  17:31; II Cor.5:10; João 17:6; Ef. 1:4; I Tim. 2:56; I Cor. 1:30; Rom.8:30. 

II. O Filho de Deus, a Segunda Pessoa da Trindade, sendo verdadeiro e eterno Deus, da mesma  substância do Pai e igual a ele, quando chegou o cumprimento do tempo, tomou sobre si a natureza  humana com todas as suas propriedades essenciais e enfermidades comuns, contudo sem pecado,  sendo concebido pelo poder do Espírito Santo no ventre da Virgem Maria e da substância dela. As duas  naturezas, inteiras, perfeitas e distintas - a Divindade e a humanidade - foram inseparavelmente unidas  em uma só pessoa, sem conversão composição ou confusão; essa pessoa é verdadeiro Deus e  verdadeiro homem, porém, um só Cristo, o único Mediador entre Deus e o homem. 
João 1:1,14; I João 5:20; Fil. 2:6; Gal. 4:4; Heb. 2:14, 17 e 4:15; Luc. 1:27, 31, 35; Mat. 16:16; Col. 2:9; Rom. 9:5; Rom. 1:3-4; I  Tim. 2:5. 

“Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem.” (Jó 42: 5) 

O conhecimento do Senhor necessariamente inclui o conhecimento das doutrinas bíblicas a seu respeito, mas não somente isso, pois o verdadeiro conhecimento do Senhor é aquele do caminhar com Ele.
Conhece ao Senhor quem se debruça na sua Palavra, quem se dedica à oração, quem ama a sua Igreja e o adora junto dos irmãos. Conhece ao Senhor cada vez mais quem atende à sua voz e faz o que Ele ordena, quem o serve, quem o ama.