23/06/2025

O povo de Israel vive - "Am Yisrael Chai" (עם ישראל חי)

 "O povo de Israel vive" 


"Veio para o que era seu, e os seus não o receberam." (João, 1: 11)

Sou um cristão reformado (calvinista), aliancista, não dispensacionalista. Creio, portanto, que a nação de Israel cumpriu o seu papel nos planos de Deus na história como berço do Reino de Deus, como local separado e abençoado para a vinda do seu Messias, que lamentavelmente foi rejeitado pela maioria do seu povo, o Senhor Jesus Cristo, o Rei de Israel, mas não somente dessa nação, o Rei dos reis e Senhor dos senhores, o Filho do único Deus verdadeiro, gerado mas não criado; o mesmo Deus que se revelou a Abraão e que nos deu a sua Lei através de Moisés. Creio que o Messias que já nos veio como servo sofredor é o Salvador dos pecadores que, arrependidos, crêem no seu Evangelho. E Ele mesmo voltará em breve, não mais como o cordeiro para o holocausto e sim como o Leão de Judá, o Senhor dos exércitos, aquele que luta para vencer e que virá para impor o seu Reino glorioso de justiça. 

Vivemos, agora, o período intermediário entre as duas vindas do Messias, do Senhor Jesus, sendo a primeira para morrer no holocausto da cruz e vencer os poderes da morte, do pecado e do inferno, e a segunda para reivindicar, em glória, os frutos do seu penoso trabalho, tudo o que lhe pertence - e Ele tem plenos direitos e poderes sobre toda a criação. Tudo é dele, por Ele e para Ele. Tudo é para a glória do Senhor!

Era em Israel que estava a maior parte dos crentes que formavam a igreja do Antigo Testamento, afinal nem todo israelita era crente de verdade, exatamente como nem todo cristão o é de fato. Mas no Novo Testamento a função da estrutura religiosa israelita com seus sacerdotes, os sacrifícios e o Templo de Jerusalém caducaram, pois tudo isso tipificava e apontava, assim como o próprio modelo de reinado, para a promessa da plenitude, o cumprimento das profecias, a esperança messiânica, a vida e o ministério do Cordeiro de Deus que veio ao mundo para remir pecadores, o Filho de Deus encarnado que nos fez conhecer perfeitamente ao Deus que antes era um mistério e que se revelou de forma progressiva ao longo da história de Israel até chegar ao ponto culminante e sublime quando o próprio Deus se fez homem na pessoa do Senhor Jesus. E Ele fez o que não poderíamos fazer para a nossa salvação da maldição do pecado, Ele sofreu o holocausto da cruz como o santo de Deus, ocasião em que o véu da separação do antigo Templo foi milagrosamente rasgado de cima abaixo, colocando um fim definitivo nas restrições de acesso à habitação do Deus Santíssimo, porque o Mediador entre Deus e os homens cumpriu perfeitamente o seu trabalho vicário e assim redimiu o seu povo e o ajuntou na sua igreja universal, instaurando o Reino de Deus, uma realidade que agora é apenas incipiente e que é visto no ministério global da igreja militante, que está espalhando a graça salvadora de Deus por todos o mundo na proclamação do Evangelho, conclamando as gentes ao arrependimento e à fé salvadora e fazendo novos discípulos do Senhor, um Reino que em breve nos será plenamente imposto e que será eterno e definitivo a partir da ocasião do retorno triunfal do Senhor Jesus ressuscitado e glorificado, no grande Dia em que, enfim, Ele julgará a todos os povos de todas as nações e estabelecerá novos céus e nova Terra. Sião, a Nova Jerusalém como tipo que é, será enfim uma realidade gloriosa e eterna.

Assim, não cremos nas esperanças falsas de uma Israel mundana que rejeitou a Cristo como sendo a nação separada por Deus. Isso não é verdade. Infelizmente Israel é uma nação não-cristã, apóstata e celebrante de pecados como quaisquer outras nações cujos sistemas são essencialmente anti-cristãos. Mas acredito, defendo e celebro o direito do povo judeu - que sim, tem bençãos distintivas de Deus (porque Ele é fiel às suas promessas que foram feitas no passado). Indiscutivelmente é desse povo que surgem as mentes mais brilhantes que têm abençoado o mundo, no âmbito da graça comum, nos campos das ciências, da administração e das artes. O mundo civilizado que conhecemos deve muito aos judeus. E, independentemente de qualquer coisa, esse povo milenar e resiliente deve ser respeitado como qualquer outro povo nos seus direitos de existir, de ter a sua própria terra e de ser uma nação.

Sendo assim, eu me oponho ao crescimento do antissemitismo no nosso tempo, visto de forma escancarada e reprovável na união de ideologias perversas, numa fraternidade maligna que deve ser rechaçada. 

Os judeus sofreram ao longo de milênios. Nos tempos bíblicos sofreram cativeiros e sofrimentos sob tiranos movidos sob o senhorio soberano do Senhor Deus que os disciplinava, enquanto infringiram sofrimentos aos seus profetas e profanavam seus deveres para com o Senhor. O povo de Deus do Antigo Testamento era um povo reincidentemente infiel, que desprezou ao seu próprio Rei e Messias, condenando-o à morte dos malditos. Então, esvaziados de Deus, do seu Templo não sobrou pedra sobre pedra e toda a nação de Israel foi submetida ao desterramento e à diàspora, tornando-se o seu povo disperso e peregrino em terras estranhas, sem a sua terra prometida. E sofreram perseguições religiosas dos séculos subsequentes, na era medieval foram caçados como minorias indesejáveis. Precisaram mudar de nome, de cultura, de fingir ser o que não eram para sobreviverem. No detestável nazismo, já numa época em que a civilização se gabava da sua cultura, erudição e ciência, vieram à toma o que existe de pior na humanidade e os judeus foram tratados como animais de abatedouro, foram desumanizados em guetos, roubados, amontoados em campos de concentração, fuzilados, condenados à fome, assados em fornalhas. Foram mais de seis milhões de assassinatos brutais. E quando se pensava que o mal do antissemitismo tinha sido cicatrizado, em outubro de 2023 os terroristas do Hamás reacenderam as chamas da inquisição, das jihads e do holocausto que estão se espalhando no absurdo e deplorável aumento do antissemitismo por todo o mundo. O que há de pior na humanidade tem sido direcionado contra os judeus 

Israel como nação e a etnia dos judeus provavelmente sejam as que mais evidenciam o mal comum de todos os povos. Todos somos pecadores, todos somos, ao mesmo tempo, aqueles que tanto exercem o mal como aqueles que os sofremos. Não há um único justo entre nós, não há inocentes verdadeiros no jogo do pecado e todos podemos ser vítimas do mal praticado pelo outro, pelo meu próximo, pelo outro povo ou nação, mas nada, absolutamente nada está à parte do Deus soberano que tudo vê e perscruta e que oferece salvação e redenção a todos os que a Ele recorrem em fé por meio do seu Filho em arrependimento de pecados. Deus é aquele que impõe justiças a este mundo de tempos em tempos, Ele pune reinos e nações mas oferece redenção em todo tempo até que Cristo volte.

Israelitas, Iranianos, Palestinos, Brasileiros, Norte-Americanos, Chineses, Russos, Egípcios, etc - Todos os povos precisam da luz do Evangelho do Senhor Jesus porque dentre todos os povos existem aqueles que serão salvos pela fé no Filho de Deus - mas todos os que rejeitam ao Senhor sofrerão o seu severo juízo e muitos poderão sofrer esse juízo a partir de agora.