Basta alguma argumentação que o fruto proibido será mordido. Basta um pouco de fome e a primogenitura será vendida por qualquer prato de lentilhas. Basta parecer agradável aos olhos e homens que parecem ser bons cedem alegremente às quebras dos mandamentos de Deus através de artifícios que façam com que pecados pareçam ser aceitáveis, pois desde o Éden, o pai da mentira tem se dedicado em fazer com que o mal seja tratado como um bem desejável, ele vende a morte em embrulhos desejáveis nas cores e brilhos que costumam seduzir as pessoas - pois o Diabo é um vendedor hábil e muito experiente que costuma estar nas capas das revistas sob múltiplos disfarces e, principalmente, nas sombras de tudo o que este mundo celebra.
E é assim que não tem mais problema que se tenham incontáveis outros deuses e coisas que as pessoas adoram (ah, o dinheiro! Quem não está disposto a fazer sacrifícios por ele ou pela exaltação do próprio ego?); e não tem mais problema nenhum fazerem imagens de deuses, e do próprio Senhor para tornar mais "didática" a sua assimilação (imagens como a do "cristo redentor" não honram ao Senhor, o profanam); e não tem mais problema profanar o dia dedicado à sua adoração, bem como profanar o culto, fazendo nele o que nos dá prazer (ah, o edonismo, o homem como centro, as canções repletas do "eu"...); e não tem problema banalizar o nome do Senhor Jesus, usando-o em vão como se fosse uma "marca" num mercado "gospel", uma fonte de lucro, um "filão" mercadológico, uma alternativa aos jogos de sorte ou qualquer misticismo barato - porque, pensa-se, a cultura evangélica "honra" e "serve" ao Senhor (grande engano!); e é discutível se devemos honrar pai e mãe (pais e família são temas a serem superados nesses nossos "desenvolvidos" tempos); não tem mais problema matar, odiar, desprezar, destruir reputações (o mundo é uma arena e para me dar bem eu tenho que pisar nos outros); nem cobiçar, invejar (ah Instagram...); nem adulterar, divorciar, recasar (um mito antiquado e há tempos superado - embora a Lei de Deus seja ETERNA); nem mentir, deturpar, defraudar, apropriar-se do que pertence a outro (que mal tem se todo mundo faz?)... O que importa é o que você sente, é a tua FELICIDADE...
E é assim que o pecado perdeu a gravidade e a importância, assim como a imutável santidade de Deus e a obra de Cristo têm sido constantemente banalizados. E também é assim, sem que muitos tenham a real consciência dos fatos, porque estão entorpecidos com seus olhos cheios de falsidades e suas mentes cauterizadas pelo pecado, que eles acumulam a ira justa e santa de Deus sobre si como o gotejar de muitas culpas que em breve fará transbordar o cálice da justiça de Deus, mas não a favor e sim contra estes.
*A figura do cálice é recorrente na Bíblia. Ela é comumente relacionada à ira de Deus, numa ilustração do gotejamento dos pecados dos homens, e das nações, que enchem o cálice até que ele transborde numa reação de Deus sobre eles, derramando sobre eles a sua justa punição, a ira justa e santa de Deus. Não é por acaso que o Senhor Jesus orou ao seu Deus e Pai no jardim do Getsêmani pedindo que, se possível, afastasse dEle aquele cálice, ou seja, o Senhor Jesus estava para sofrer a justa e santa ira do seu Deus e Pai em punição pelos pecados dos seus eleitos. Ele sofreu a pena do que seria todo o nosso inferno. O cálice também está presente na celebração de textos como o Salmo 23 e na santa ceia instituída pelo Senhor em memorial eterno do seu sangue e como celebração da sua vitória perante os seus inimigos (que por Ele foram e ainda serão esmagados) e está presente nas profecias e descrições do "Dia do Senhor", eventos em que Deus exerce o seu juízo sobre povos e nações e que terá o momento final e culminante na ocasião do retorno do Senhor Jesus glorificado a este mundo para exercer o seu juízo final, levando os remidos às glórias da eternidade, punindo os réprobos ao inferno e estabelecendo novos céus e nova Terra.
Sobre pecados, a ordem do Senhor não é a de nos acostumarmos nem nos amoldarmos a eles (embora sejamos constantemente tentados a fazer isso), mas sim de nos arrependermos deles, de abandonarmos suas práticas em sujeição ao senhorio de Cristo na obediência à Lei de Deus.
A oferta do Evangelho começa com o chamamento ao arrependimento.