Não se deve recorrer à licença poética para compreender e ensinar a Palavra de Deus, nem para cultuá-lo, nem para louvá-lo. Adotar licenças poéticas nesses contextos é dizer que os meios ordinários de Deus de se revelar e de se relacionar com o seu povo são insuficientes.
Licenças poéticas são virtudes nos contextos certos. O imaginário é parte da racionalidade humana, é expressão da graça comum de Deus. Use licenças poéticas para falar do amor entre pessoas, para produzir arte, para se referir às belezas visíveis que podemos descrever porque foram captadas pelos nossos sentidos. Mas não as use para lidar com o Deus invisível que não pode ser conhecido pelos sentidos humanos.
O imaginário das licenças poéticas no culto é exercício de prepotência em lugar da necessária humildade diante de Deus. As licenças poéticas são portas abertas para a corrupção do culto e para a adoção do imaginário que é fonte de toda idolatria. No culto deve reinar a santidade do Deus que se revela apenas pelos meios ordenados, pelas Escrituras somente e somente através da iluminação do seu Espírito, e nunca das imaginações humanas porque diante do Deus Santo e sublime toda imaginação humana refletirá apenas a sua condição decadente - e atribuir a Deus o fruto decadente das nossas imaginações é vilipendiar da sua Santidade.