The Chosen não é uma boa ideia.
(Postagem originalmente feita em 29/08/2023)
"Se, pois, alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! ou: Ei-lo aí! não acrediteis; porque hão de surgir falsos cristos e falsos profetas, e farão grandes sinais e prodígios; de modo que, se possível fora, enganariam até os escolhidos."
(Mateus, 24: 23, 24)
O que os cristãos deveriam considerar antes de assistirem ou de promoverem filmes ou séries que se propõem a retratar eventos bíblicos onde Deus, em qualquer das três pessoas (Pai, Filho ou Espirito Santo) é visivelmente representado?
1) inverdades misturadas com verdades - Esses filmes e séries NÃO são exposições fiéis dos eventos bíblicos e seus acréscimos, omissões, distorções e licenças poéticas podem confundir e certamente confundirão as pessoas. Produções como essa são adaptações das narrativas bíblicas que são carregadas de invenções, de interpretações e de incrementos para resultarem na versão da história que é apresentada no filme. Assim, o que se vê não é a reprodução fiel de nenhum relato bíblico e isso poderá confundir as pessoas que assistirem invenções e verdades que estão misturadas, formando nelas conceitos e convicções por vezes infundados por serem resultado das imaginações e distorções dos homens e por não procederem da iluminação operada por Deus que vemos somente nas Escrituras. Assistir e se influenciar por obras como esse tipo de filme é como adotar textos apócrifos como se eles também fossem válidos para a fé.
2) Método ineficaz para ensinar sobre Jesus - Para quem assiste, como filtrar licenças poéticas, criativas e complementos dos fatos reais? Pode-se pensar que essa é uma forma válida de se ensinar acerca de Jesus, e reconheço haverem verdades misturadas nesse modelo, e que é muito bonito e bem-feito, mas o problema é a sua mistura com inverdades num modelo bastante persuasivo - e, atente para isso: nas Escrituras quem normalmente se apresenta como manipulador e praticante de distorções da Palavra de Deus é Satanás, o adversário, a que o Senhor Jesus chama de pai da mentira. Pequenas corrupções causam terríveis danos. Não é possível ensinar sobre Jesus corretamente acrescentando imaginações humanas (ou diabólicas) naquilo que o próprio Deus estabeleceu, tanto no conteúdo da mensagem como na sua forma de transmissão. Essa forma de se ensinar sobre Jesus, uma superprodução midiática, é necessariamente corrompida no conteúdo e na forma e o seu resultado será o de formar um imaginário de fé que é adulterado por invenções humanas. O modo ordenado e eficaz de se ensinar sobre Jesus é a pregação do Evangelho, é o estudo e o ensino das Escrituras, a fé é proclamada pela pregação e não através de uma produção que mistura ficção e realidade num filme feito de encenações, de representações gráficas do Senhor. Filmes são entretenimento e podem ser meios de transmissão de conhecimentos, mas não são modos ordenados para a comunicação eficaz da fé, ainda mais quando misturados a invenções que adulteram as narrativas bíblicas.
3) o Pecado da quebra do segundo mandamento, a ordem de não fazer imagens de Deus - esse é um dos dez Mandamentos, e que tem sido sistematicamente quebrado como se isso não tivesse a menor importância - uma evidência de perda do temor de Deus e de corrupção e apostasia de grande parte do que se entende por igreja. Os ímpios não têm o menor constrangimento em usar imagens do Senhor em símbolos tidos como religiosos e que estão espalhados por toda a parte como se representassem alguma devoção ou memorial, quando na verdade caracterizam desobediência e pecado. E não fazer imagens do Senhor implica, necessariamente, em também não representá-lo graficamente, nem por encenação, num filme. A ideia simples do Mandamento é de NÃO FAZER REPRESENTAÇÕES DE DEUS, nem do Pai, nem do Filho, nem do Espírito Santo, porque não é por esses meios que Deus se faz reconhecido. Deus se faz conhecer APENAS pela sua Palavra aplicada em nós pelo poder do Espírito Santo, e todas as outras formas de se tentar conhecer a Deus pelos artifícios humanos resultam em idolatria, em atribuir às formas que imaginamos algum sentido religioso ou divino. Ao ver esse tipo de filme, quem o assiste inevitavelmente atribuirá ao Senhor, nas suas devoções, a figura, a forma, o aspecto e a face do ator que encenou a Jesus, criando assim a sua forma, ainda que seja no seu imaginário, no seu subconsciente, a imagem de quem ordenou que não se lhe atribuísse forma nem imagem nenhuma. O pecado, nesse caso, é uma desobediência disfarçada de sentimento religioso diretamente contra o Senhor.
"Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam. E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos."
(Dt. 5.8-10).
“Os pecados proibidos no segundo mandamento são – o estabelecer, aconselhar, mandar, usar e aprovar de qualquer maneira qualquer culto religioso não instituído por Deus; o fazer qualquer imagem de Deus, de todas e qualquer das três pessoas, quer interiormente no espírito, quer exteriormente em qualquer forma de imagem ou semelhança de criatura alguma; toda a adoração dela, ou de Deus nela ou por meio dela; o fazer qualquer imagem de deuses imaginários e todo o culto ou serviço a eles pertencentes; todas as invenções supersticiosas, corrompendo oculto de Deus, acrescentando ou tirando dele, quer sejam inventadas e adotadas por nós, quer recebidas por tradição de outros, embora sob o título de antiguidade, de costume, de devoção, de boa intenção, ou por qualquer outro pretexto; a simonia, o sacrilégio; toda a negligência, desprezo, impedimento e oposição ao culto e ordenanças que Deus instituiu”
(Breve Catecismo de Westminster, P. 51)
P.S.- aos reformados (presbiterianos) que "discordam" dos padrões dos símbolos que juraram subscrever, que sejam honestos de fazer uma dentre duas coisas: ou assumam sua insubmissão e rebelião e rompam com a IPB; ou que trabalhem com rigor teológico para tentar "reformar" os símbolos que temos nos Concílios apropriados. Mas que tenham a decência de não praticarem o destemor progressista de desdenhar de doutrinas como se tivessem alguma autoridade sobre elas (e isso, certamente não têm).
O dever dos fiéis é com a confessionalidade.
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Acréscimos de 25/03/2024
Desserviços feitos por alguns pastores que estimulam consumir a série "The Chosen" - prints extraídos de postagens públicas que eles mesmos fizeram em suas suas redes sociais.
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Posicionamento verdadeiramente reformado sobre esse tema: