06/11/2009

A importância do conhecimento da verdade.

O conhecimento da verdade é uma necessidade humana, somos racionais e queremos entender o porque da existência para dar paz à inquietação da racionalidade investigativa e sonhadora... Os filósofos dedicaram suas vidas e genialidade a esta causa que parece ter a ver com o encontro de nós mesmos, de nossa identidade e papel cósmico, existencial. Essa é uma busca insaciável e, portanto inatingível, a não ser que a verdade seja um ser, Aquele mesmo que criou todas as coisas e resolva se manifestar à sua inquietante e contestadora criatura como um ser semelhante a este e que supre aos anseios mais profundos da alma humana de reencontrar seu lugar seguro.
Desconhecer a verdade é vagar no que não é verdadeiro e deparar-se com muitas formas de mentira e se há uma vantagem na mentira é que ela pode assumir infinitas faces sem entrar em contradição, pois sempre será mentira enquanto que a verdade é única e inegociável, porém é também a única que nos satisfaz. Não encontrar a verdade é permanecer nas trevas do engano e ocupar-se com incontáveis mentiras enquanto que encontrar a verdade é ser salvo da eterna angústia, por hora disfarçada, de estar eternamente separado de Deus.
“Eu sou o Caminho, a VERDADE e a vida, ninguém vem ao Pai a não ser por mim...”(Jo 14. 6).

A santidade de Deus.

A santidade diz respeito à glória de Deus, ao seu poder sublime, totalmente bom, imaculado, irradiante, diante da qual tudo se prostra em adoração. É a total incompatibilidade com o pecado, ela não o tolera e ele a odeia e teme. Diante da santidade de Deus as estruturas são desfeitas, as forças revelam-se fracas, todos se prostram diante de um poder que ninguém, a não ser o próprio Deus, pode suportar. É como a luz que faz com que a escuridão deixe de existir ao seu redor e a escuridão nada pode fazer para permanecer existindo. Por ser totalmente Santo, Deus não pode se misturar ao pecado, é imaculado e dedicado à própria glória que a santidade manifesta. O pecado não subsiste na presença de Deus e aí só permanece a devida adoração a Ele. Esta (a santidade), por incrível que pareça, dada a incompatibilidade de naturezas (Deus é naturalmente Santo, Santo, Santo e a humanidade pecadora) é um atributo comunicável de Deus. Por lógica, não poderíamos nos aproximar de sua santidade, mas ao contrário disso, Ele exige que seu povo seja santificado. Portanto, este não é um atributo pertencente à graça comum, aquele tipo de graça distribuída entre toda a humanidade, mas é um atributo comunicado à uma pequena parcela da humanidade que, por obra da redenção promovida por Jesus Cristo, se distanciaram do reino de pecado e trevas e, num processo de santificação progressiva (por obra do Espírito Santo), caminham no caminho da verdade e da vida. A santidade reveste também aos filhos de Deus por meio de Jesus Cristo e permite a eles que se aproximem mais intima e confiantemente da glória de Deus, permanecendo em sua presença sem serem por sua santidade consumidos.

O amor de Deus.

O amor é um dos atributos morais de Deus. O amor significa que Deus se dá, a si próprio, para o benefício, para abençoar aos outros e essa é uma característica do seu ser que ao mesmo tempo não permite que Ele seja indiferente diante de sua criação (que é objeto do seu amor) e nos atrai para Ele. Por amor Deus enviou seu filho Jesus para morrer pela humanidade na cruz, o mesmo Jesus que sempre se relacionou amorosamente com o Pai (Jo. 14.31; 17. 24). O amor de Deus nunca se acabará, é inistinguível, não pode ser afetado por forças exteriores, pois tal como Deus é, imutável e eterno, seus atributos também o são e, portanto, seu amor é imutável, pleno e prefeito. Se o amor visa o bem da pessoa amada, e o amor de Deus é o amor em sua totalidade e perfeição, deduz-se que não haja ninguém em toda a existência que queira e faça o bem como Deus o quer e faz. O amor é um atributo compartilhado com toda a humanidade em diferentes contextos e, portanto, é distribuído por toda a criação como um elemento da graça comum de Deus a fim de que a vida seja possível e agradável. A mesma separação em “dois blocos” principais conforme o tipo também pode ser feita no que se refere aos tipos amor – o amor sentido pelos ímpios e o amor sentido pelos filhos de Deus. A razão humana costuma distinguir o amor em “tipos” conforme a aplicação, tal como o amor entre homem e mulher, o amor entre amigos, o amor de pais para com seus filhos e o amor de Deus. O ser humano é capaz de amar como resultado dessa graça comum, embora o seu amor seja extremamente afetado pela natureza pecaminosa que o deformou, fazendo com que seu amor seja uma deformação do amor perfeito de Deus – mas mesmo assim é amor (verdadeiramente, qualquer mãe “sadia”, ama ao seu filho e muitas delas são capazes de dar suas vidas por eles). Os cristãos, por obra de regeneração do Espírito Santo são capazes de viver um amor mais próximo daquele que Deus tem por suas criaturas e vivenciado entre a Trindade, mas que mesmo assim ainda está eternamente distante da plenitude do amor que somente Deus tem e sente.

A sabedoria de Deus.

A sabedoria é um dos atributos da mente de Deus. A sabedoria de Deus significa que Ele é o conhecedor da totalidade (Ele conhece totalmente, em toda a profundidade) de todas as coisas, não somente no que diz respeito à criação (todos os elementos do universo), mas Ele conhece totalmente a si próprio (Ele é o único ser que possui tal conhecimento, o conhecimento pleno de Deus). Além de a sabedoria de Deus apontar para o que Ele sabe, ela abarca também suas razões, suas decisões e pressupostos que o levam a agir por toda a eternidade. A sabedoria é um atributo de Deus que é compartilhado com toda a humanidade de formas diferentes. Podemos dividir a sabedoria dada aos homens em dois “blocos” onde o primeiro diria respeito à área do conhecimento comum a todas as pessoas, que podem aprender a se comunicar, estudar, desenvolver suas habilidades, produzir ciência e tais formas de saber estariam dentro da esfera da graça comum de Deus, derramada abundantemente sobre toda a criação para que haja a possibilidade de vida e “desenvolvimento” humano. Um segundo bloco diria respeito ao conhecimento do próprio Deus, o conhecimento de sua verdade, de seus decretos, e tal conhecimento, de natureza espiritual, é resultado de uma graça especial de Deus em fazer-se revelar e conhecer a alguém por meio da atuação do seu Espírito e do conhecimento de sua revelação especial – as Escrituras. De qualquer forma, ainda que a sabedoria nos seja comunicada, nunca a teremos em sua plenitude como somente Deus a tem.

A imutabilidade de Deus.

Deus não muda (Sl 102) em seu ser, perfeições, propósitos e promessas. Porém Deus age e sente emoções de modos diferentes em resposta às diferentes situações. Deus cria, transforma, destrói, recria... toda a criação pode passar, mas Deus continuará sendo exatamente o mesmo ser que Ele era antes que houvesse criação, e será assim por toda a eternidade e tudo o que acontece no universo, acontece rigorosamente de acordo com os decretos que o próprio Deus estabeleceu. Embora o ser de Deus seja imutável, a Ele nada pode ser acrescentado ou retirado, seu agir e sentir variam em resposta à variedade de situações que ocorrem na criação - Deus não muda, mas Ele se deixa afetar por sua criação (Ele se alegra com seus filhos, se entristece ou se ira com o pecado, se ofende com a injustiça...). Á imutabilidade de Deus está incluída a verdade de que seus decretos também não podem ser mudados. Seus planos, propósitos e promessas não podem ser frustrados, reformados ou revogados, pois seus decretos serão completa e perfeitamente cumpridos uma vez que a sabedoria de Deus sempre foi plena desde toda a eternidade. Ele não pode ser pego de surpresa no meio do percurso da história, tudo estava desde sempre claro a Ele e totalmente enquadrado dentro de seus propósitos eternos. Ele não pode ser aperfeiçoado, nada escapa do seu domínio e tudo lhe é subordinado.

A auto-existência de Deus.

Deus não depende ou precisa de nós ou do restante da criação para coisa alguma. Não depende de nada para existir (não depende da nossa fé para ser e agir – se não crermos nEle, Ele não será menos verdadeiro por isso). Não foi criado, não teve um início e não terá um fim. Ele é a causa e motivo de todas as coisas e, portanto, é a mais importante de todas as coisas. Toda a criação – e obviamente inclui-se a humanidade e especialmente a igreja aí - existe para o seu louvor, glória, alegria e foi criada por amor. Mas, Jesus afirmou na oração sacerdotal (Jo 17. 5) que antes mesmo de que houvesse mundo, Ele tinha glória junto do Pai na eternidade, ou seja, embora a criação exista para a glória de Deus, a glória de Deus sempre independeu da criação para existir e ser celebrada, pois ela já existia antes. Da mesma forma, embora a criação – e especialmente a igreja – tenha sido criada por amor, e daí foi constituída uma relação de amor, Deus nunca dependeu da criação para evidenciar e viver seu amor, pois na mesma oração (Jo 17. 24) Jesus afirmou que era amado pelo Pai desde os tempos eternos. Contudo, o Deus que já vivia na plenitude de sua glória e amor desde a eternidade decidiu criar o mundo para regozijar-se nele e compartilhar com ele seu amor e glória, recebendo de sua criação também tais coisas (Ele recebe o que, no final das contas, já possuía desde sempre).