Como prosseguimos para o alvo?
"Prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus." (Filipenses 3:14)
E qual é o alvo do cristão, que Paulo chama de soberana vocação de Deus, o chamado soberano feito a partir do Senhor Jesus?
É a glorificação, a consumação da nossa salvação. É chegar ao nosso destino - "Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas." (Fp. 3 :20,21)
E enquanto não chegamos ao nosso destino, o texto inspirado indica o abatimento do nosso corpo no processo do prosseguimento para a glória. Devemos, então, lutar o tempo que temos aqui nesta vida, neste mundo, usando tudo o que temos em função do alvo já estabelecido. Isso envolve ação, trabalho, inteligência aplicada, diligência, esforço...
Como?
Vivendo o agora como que numa construção das glórias do porvir. Nós sabemos onde iremos chegar, mas no percurso até o nosso destino muita coisa deve ser feita, e esses empreendimentos devem ser feitos em submissão à Palavra de Deus. Enquanto estamos aqui nós estamos em missão, e isso se aplica no modo como vivemos, nas escolhas que fazemos, na santificação pessoal e progressiva e também nos modos como interagimos com as pessoas e com o mundo no derredor, tendo como fundamento para nossas vidas e ações o Evangelho, o ensino apostólico e a Lei de Deus.
Somos, nesta vida, forasteiros, pois pertencemos a uma outra Pátria, celeste, o Reino de Cristo. Aqui neste mundo nós somos embaixadores do Reino do Senhor e residimos aqui como peregrinos - "Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; vós, sim, que, antes, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus, que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia. Amados, exorto-vos, como peregrinos e forasteiros que sois, a vos absterdes das paixões carnais, que fazem guerra contra a alma, mantendo exemplar o vosso procedimento no meio dos gentios, para que, naquilo que falam contra vós outros como de malfeitores, observando-vos em vossas boas obras, glorifiquem a Deus no dia da visitação." (1 Pedro 2: 9-12)
Lembro-me do exemplo bíblico de Daniel, um jovem cativo em terra estranha, Babilônia, que à semelhança de José no Egito, foi usado por Deus mesmo sendo forasteiro e empreendeu com excelência no lugar estranho onde estava, sem se contaminar com as corrupções e as idolatrias dessas culturas, mas servindo como testemunho íntegro e eficiente da Graça de Deus enquanto mantinha firme e decidida fidelidade ao Senhor, mesmo vivendo entre ímpios, mesmo contra fortes oposições e perseguições. É porque tinha um alvo excelente, em Deus, onde a sua fé estava firmada, que Daniel (e José) prosseguiu com excelência até o fim, deixando um importante legado nas terras estranhas onde serviram ao Senhor.
Lembro-me, também, da carta do profeta Jeremias que, seguindo as ordens de Deus, instruiu a todo o povo de Israel durante o tempo de cativeiro sob Babilônia a que se estabelecessem e vivessem em paz em terra estranha até que o Senhor os trouxesse de volta para a sua própria terra - "Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel, a todos os exilados que eu deportei de Jerusalém para a Babilônia: Edificai casas e habitai nelas; plantai pomares e comei o seu fruto. Tomai esposas e gerai filhos e filhas, tomai esposas para vossos filhos e dai vossas filhas a maridos, para que tenham filhos e filhas; multiplicai-vos aí e não vos diminuais. Procurai a paz da cidade para onde vos desterrei e orai por ela ao Senhor ; porque na sua paz vós tereis paz." (Jeremias 29: 4-7)
E me lembro, principalmente, da oração feita pelo Senho Jesus a nosso respeito - "Já não estou no mundo, mas eles continuam no mundo, ao passo que eu vou para junto de ti. Pai santo, guarda-os em teu nome, que me deste, para que eles sejam um, assim como nós. Quando eu estava com eles, guardava-os no teu nome, que me deste, e protegi-os, e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura. Mas, agora, vou para junto de ti e isto falo no mundo para que eles tenham o meu gozo completo em si mesmos. Eu lhes tenho dado a tua palavra, e o mundo os odiou, porque eles não são do mundo, como também eu não sou. Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal. Eles não são do mundo, como também eu não sou. Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade. Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo. E a favor deles eu me santifico a mim mesmo, para que eles também sejam santificados na verdade. Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste." (João 17: 11-21)
Aqui nesta vida, neste mundo caído e transitório, nós, cristãos, somos peregrinos. Mas o modo certo de se seguir rumo à soberana vocação é aplicando, mesmo no mundo caído, os elevadíssimos valores da glória que nos espera. É fazendo tudo o que a nossa trajetória pessoal - e que é sempre diferente de uma pessoa para outra - nos levar a fazer sempre buscando a excelência, com justiça, integridade e empenho, como que servindo ao Senhor (Ef.6: 7), porque somos cidadãos de um Reino glorioso e devemos nos portar como tais mesmo num mundo decadente, servindo como sal da terra e luz do mundo (Mt. 5: 12, 14) num mundo que está na escuridão do pecado e em rebelião contra Deus.
Os cristãos são ordenados por Deus a serem as mais íntegras, confiáveis, dedicadas, amáveis e verdadeiras pessoas, mesmo que o mundo não reconheça o seu valor. É do Senhor Jesus que estamos testemunhando e é a Ele que estamos servindo.