1) Uma tentativa de explicar o amor, algo que deve ser vivido:
O amor é como a fome e é semelhante à sede, quem
experimenta essas coisas não pode ficar inerte pois essas sensações precisam
ser saciadas.
O amor é o desejo resultante em ações que buscam a felicidade do outro; é uma
necessidade que nos faz usar de esforços e sacrifícios pelo bem concretizado na
vida de outra pessoa; é a virtude em sua manifestação máxima para a dignidade e
manutenção da vida.
A melhor definição de amor foi o ato divino diante da completa imersão no
pecado da sua criatura humana. Por causa do seu amor por nós Deus enviou seu
filho Jesus a este mundo, à nossa semelhança, para nos mostrar o caminho da
verdade e da vida e para nos salvar dos nossos pecados pagando por eles com sua
própria condenação à morte na cruz.
Outra evidência do poder do amor que foi revelado em Cristo é que o verdadeiro
amor nunca acaba, sempre vence triunfante, assim como Cristo venceu a morte e
triunfou do que era para ser a nossa condenação ao ressuscitar. É por amor que
Ele fez tudo o que era necessário para nos salvar.
Deus nos ama e nos quer para si e a fé no filho de Deus é a única resposta
possível que podemos dar ao seu chamado de amor e de vida.
2) Sobre a nossa dificuldade dificuldade de praticar o amor:
A grande corrupção humana está na sua incapacidade de
cumprir os dois principais mandamentos da Lei de Deus: o amor a Deus e o amor
às pessoas.
"E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de
toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande
mandamento.
E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas." (Mateus
22:37-40)
Resistimos ao amor de Deus quando o ignoramos, quando dedicamos maior zelo às
coisas mundanas do que à sua glória; quando deturpamos a compreensão da sua
graça fazendo com que pareça ser similar aos mesquinhos valores mundanos,
quando rebaixamos a grandeza do seu amor ou da sua justiça ou quando nos
elevamos a graus indevidos como se isso pudesse minimizar ou relativizar a
grandeza e a importância do Criador.
O desamor por Deus é irmão gêmeo da mentira, pois só pode ser justificado com
as mais desonestas maneiras de subversão da verdade a fim de que pensemos
equivocadamente que de Deus não precisamos ou que não é necessário tributar-lhe
a devida honra. Esse desamor só existe com o auto-engano que alimentamos em
quase tudo o que fazemos e que coloca nos altares dos nossos corações qualquer
ídolo caricato e inútil que inventamos para nos satisfazer, sejam nossos
próprios interesses ou sonhos, sejam coisas materiais, valores ocos e
manipuláveis ou até a própria subversão na compreensão do ser de Deus com a
posição extremada de alguns de negá-lo.
E como conseqüência do desamor por Deus, de não atentarmos para a grandeza do
seu ser e nos submetermos agradecidos em adoração a Ele, nosso coração vazio da
sua glória se preenche com tristes deformações da verdade e ficamos
incapacitados de amar as outras pessoas como deveríamos amar (e deveríamos
porque é mandamento divino e esse mandamento ficou marcado na nossa alma). Na
nossa incapacidade de amar verdadeiramente, tratamos as pessoas como bens, como
coisas, como objetos que podem ser descartados e esse desamor, de forma
coletiva, é a causa principal das injustiças que assolam as pessoas em todo o
mundo.
O irmão gêmeo do nosso desamor pelas pessoas é nossa avareza, é nosso
insaciável desejo de auto-realização, de auto-satisfação, é o desejo
intermitente de sermos celebrados, reconhecidos, cultuados e, paradoxalmente,
de sermos amados. O desejo por ser amado de forma distorcida é uma evidência da
nossa triste incapacidade de amar, porque se amássemos de verdade nós
estaríamos satisfeitos, seríamos felizes de verdade e não mendicaríamos amor ou
atenção dos outros - já estaríamos muito bem-resolvidos.
Nós fomos criados para amar (a Deus a ao nosso próximo) e amar é servir, é
repartir, é doar, amar é encontrar integralmente o nosso lugar seguro, nossa
missão, nossa realização existencial que só pode ser concretizada com o amor
dedicado a Deus em primeiro lugar e ao nosso semelhante como uma conseqüência
real e inegável do poder transformador desse amor.
Se alguém diz que ama a Deus mas não é capaz de amar ao seu próprio, saiba,
você não ama a Deus. E se alguém trata ao seu próximo como coisa, como objeto
útil, mas descartável, saiba, você está completamente perdido num estado
miserável de existência e o único remédio para essa forma miserável de vida é
encontrar o seu amor fundamental na pessoa de Jesus Cristo.
As pessoas são tratadas como coisas descartáveis quando as
coisas e não as pessoas são prioridade. E perceber isso é um processo
desmistificador doloroso de certos valores que não passam de bengalas para
muitos, pois a verdadeira fé sempre é acompanhada pelo amor e o verdadeiro amor
é por pessoas e nunca por coisas.
"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito,
para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna."
(João 3:16)
3) A Igreja como agente do amor:
Existe uma balança reguladora da Graça de Deus (o verdadeiro
bem e a verdadeira vida) no mundo e ela é a Igreja de Cristo.
Quando a igreja se deixa dominar pela apatia ou por ensinos e práticas
estranhas ao Evangelho, então o mundo perde de vista o seu referencial da
verdade e é mergulhado mais fundo nas trevas do engano e do pecado.
Em contrapartida quando a igreja assume seu papel de anunciadora do Evangelho,
pregado o amor de Deus com suas palavras e com suas ações de misericórdia e de
justiça (e não pode dissociar essas duas formas de proclamação - pregação e
ação), então o mundo vê um poderoso referencial da Graça de Deus agindo nas
pessoas e apontando para o caminho da vida.
...e se o nosso mundo contemporâneo está ruindo, abraçando o pecado como norma
e relativizando a verdade, conclui-se que a igreja contemporânea é um luzeiro
quase apagado que precisa ser (re) aceso...
"Vós sois a luz do mundo"
"Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas
boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus." (Mateus 5:14 e
16)
4) A Igreja contemporânea predominante, relapsa na prática do amor:
Vida cristã que não sofre com as angústias desse mundo
doente não é vida cristã. Também não é nem vida cristã, nem igreja, a simples
confraternização de pessoas que apenas compartilham algumas crenças comuns que
são pouquíssimo praticadas - e muitíssimo negligenciadas - mas que na verdade
se juntam para se sentirem bem e em paz consigo mesmos numa alienação das
angústias do mundo e na busca de proteção aos seus valores pessoais e egoístas
paradoxalmente construídos em nome da sua fé.
Na verdade muitos buscam, apenas, se proteger do campo de trabalho e de guerras
neste mundo de ilusões e desejam viver uma vida regalada supondo que Deus se
satisfaz com músicas sentimentais nos cultos de domingo, com dízimos e com uma
vida relativamente moral. O cristão idealizado por muitos hoje em dia é um ser
mediano, uma criatura apática e inexpressiva, mero cumpridor de rituais e de
algumas regras, mas completamente incapaz de ser agente de salvação num mundo
conturbado e vil. Essa caricatura de um cristão é alguém que está indisposto a
amar ao seu próximo como a si mesmo, é alguém que estrutura sua fé no medo e
que possui um tipo de fé infantilizada, mas bastante teorizada.
Se tem ALGO QUE PRECISA MUDAR na prática evangélica é a
disfarçada e não confessada DOUTRINA DO MEDO.
Temos medo de interagir com outras comunidades cristãs para sermos de fato um
só corpo em Cristo e uma única (multiforme) e universal igreja visando o Reino
de Deus (João 17: 22) por medo de que interfiram em nosso modo de ser, por medo
de que influenciem nossa doutrina e por medo de termos nossas tradições
mudadas. Certamente haveria interferência mútua nessa união, mas é preciso
reconhecer que todos somos imperfeitos e que nossos irmãos cristãos nos
completam e que juntos somos eficazes em nossa missão cristã e que é errado
pensarmos que essa ideia de corpo refere-se apenas à igreja ou comunidade local
porque nossa verdadeira unidade é global, assim como a nossa missão é global
(Romanos 12: 5).
Temos medo de abrir nossas portas e corações aos estranhos porque temos medo de
que eles nos prejudiquem, temos medo de compartilhar, temos medo de perder o
que temos e temos medo de colocar em jogo o nosso bem-estar e segurança (Mateus
5: 44). Mas é justamente para isso que fomos chamados: para dar, alimentar, cuidar,
servir, amar e se for preciso perder! (Mateus 5)
Temos medo de sermos igreja exercendo sua missão no lugar correto: no mundo,
também dentro, mas principalmente fora dos nossos muros (João 17: 18), onde há
carência da Graça de Deus, do anúncio e manifestação do seu amor e do milagre
do seu perdão restaurador. Mas ao invés disso nos encastelamos em prédios
feitos por mãos humanas e lhes damos os equivocados nomes de igrejas e templos,
para inventarmos ali ministérios, ocupações e missões como se Deus quisesse
apenas que lhe ofereçamos nossos cultos nos domingos... temos medo de acatar às
ordens do Senhor e por causa do nosso medo as relativizamos e as interpretamos
de modo que nos proporcione paz e segurança (falsas).
Temos medo de nos abrir para o que existe lá fora porque tememos que estraguem
nossas igrejas, temos medo de que influenciem mal os nossos filhos, temos medo
que deturpem nossa doutrina, temos medo de confrontar nossa fé e por isso nos
empenhamos em proteger essas coisas e achamos que fazendo isso estamos fazendo
o bem, quando na verdade tomamos em nossas mãos o papel do verdadeiro defensor
de Igreja, seu único sustentador, seu rochedo, alicerce, fundamento, guarda,
criador e protetor - o próprio Deus.
Jesus fazia das colinas da Galiléia a sua congregação, ele pregava nas margens
do mar e ensinava nas sinagogas (igrejas da sua época), mas também nas casas,
nas festas, nas ruas e nos lugares mais improváveis Ele fazia manifestada a
Graça de Deus. Em todos os lugares o Todo-Poderoso era cultuado com seus gestos
e com suas palavras porque Jesus sabia, e fez questão de ensinar aos seus
discípulos (dos quais fazemos parte) que nossa missão são as pessoas. São nos
corações das pessoas que está a terra que devemos semear e cultivar com sua
Palavra.
Por isso, quem ama de verdade não precisa ter medo, não se encastela e não se
priva dos riscos de amar ao seu próximo como a si mesmo.
"No amor não há temor, antes o perfeito amor lança fora o temor; porque o
temor tem consigo a pena, e o que teme não é perfeito em amor." (1 João
4:18)
5) As ideologias mundanas contemporâneas que têm influenciado mal a igreja:
"Pós-Pós-modernismo"
O espírito mundano semeando desordem visando a reconstrução de uma nova sociedade alicerçada numa
ideologia maligna que está sendo imposta:
1) Ocupe as escolas com ideias nocivas - Conteste valores fundamentais de forma
gradual, eduque as novas gerações em ideologias revolucionárias, destrua as
noções de verdade e de bem e faça os tiranos parecerem heróis e exemplos a
serem seguidos. Mire furiosamente nas instituições tradicionais e as destrua
(família e igreja), substituindo-as por novas, frágeis e falsas instituições.
2) Inviabilize governos - Semeie o caos, desestruture a ordem, multiplique e
indefina discursos, faça com que os referenciais sejam perdidos, suborne os
idealistas, plante mentiras e escândalos, crie armadilhas, compre as
lideranças, estabeleça idiotas como líderes, faça dos sindicatos meros
instrumentos de poder político e transforme os partidos políticos em empresas
de poder e de lavagem de dinheiro. Coloque o bem comum numa escala secundária
na pauta política e priorize o jogo do poder, a política pela política e pelo
dinheiro. Transforme políticos em ricos mafiosos para serem desqualificados,
tendo por fim a completa desqualificação da própria política e a descrença na
Democracia. Na desordem fragilize a população, compre a gratidão dos pobres,
manipule-os e frustre os outros grupos sociais. Faça com que todos fiquem
confusos, desiludidos e desgarrados porque assim serão facilmente dominados.
Abra espaço para uma nova forma de governo.
3) Idiotize a população, transforme-a num grande gado que pode ser dominado.
Engane-a, faça do acesso à informação um meio de se obter muito conhecimento
sobre todas as coisas, mas de forma superficial, rasa e manipulada. Plante
valores que podem ser facilmente manipulados, como a corrida pela satisfação
material e descartável - coisas que na verdade têm pouquíssima importância e
relevância para a vida. O consumismo descartável manterá a engrenagem
funcionando, sustentará o status quo, satisfará aos anseios das pessoas
robotizadas e as escravizará. Elas ficarão de tal modo envolvidas, ocupadas,
hipnotizadas que não se importarão com sua decadência espiritual, moral e
existencial e serão subservientes.
Seria isso mera "teoria da conspiração" ou realmente caminhamos para
uma redefinição da sociedade de forma previamente planejada?
E diante dessas ameaças a Igreja tem se fechado cada vez mais, ficando cada vez mais parecida com um clube... Igreja? Omissa, fechada em si mesma e fazendo de si um
parquinho de diversões para entreter sua frágil membresia... Isso não é igreja!
(Alguns
sintomas da decadência da igreja institucionalizada [e me refiro àquela que tem
"zelo" doutrinário] são sua inexpressiva importância como referencial
de valores e de impacto social e a dependência crescente do uso de
entretenimento tanto para a realização de "evangelismos" cada vez
mais parecidos com animações de buffet infantil como para manter sua frágil
membresia.
Precisamos repensar nossas formas de ser igreja contemporânea, para não nos reduzirmos
a ser meros clubes onde se faz palestras morais acompanhadas de músicas terapêuticas e emotivas, nem
parquinhos de diversões pois essas coisas também são deturpações do Evangelho.)
6) Deus e o amor:
O amor é um dos atributos morais de Deus e essa sua característica em seu estado pleno e perfeito define a Deus como a própria personificação do amor (1 João 4 v. 8 e 16).
O amor significa
que Deus se dá, a si próprio, para o benefício, para abençoar aos outros e essa
é uma característica do seu ser que ao mesmo tempo não permite que Ele seja
indiferente diante de sua criação (que é objeto do seu amor) e nos atrai para
Ele. Por amor Deus enviou seu filho Jesus para morrer pela humanidade na cruz,
o mesmo Jesus que sempre se relacionou amorosamente com o Pai (Jo. 14.31; 17.
24).
O amor de Deus nunca se acabará, é inistingüível, não pode ser afetado por
forças exteriores (nem pelo nosso pecado), pois tal como Deus é, imutável e eterno, seus atributos
também o são e, portanto, seu amor é imutável, pleno e prefeito. Se o amor visa
o bem da pessoa amada, e o amor de Deus é o amor em sua totalidade e perfeição,
deduz-se que não haja ninguém em toda a existência que queira e faça o bem como
Deus o quer e faz e a manifestação plena do nosso bem é a nossa salvação - nossa regeneração, ou conversão, pela fé em Cristo.
O amor é um atributo compartilhado com toda a humanidade em
diferentes contextos e, portanto, é distribuído por toda a criação como um
elemento da graça comum de Deus a fim de que a vida seja possível, desejada e possivelmente agradável.
A mesma separação em “dois blocos” principais conforme o tipo também pode ser
feita no que se refere aos tipos amor – o amor sentido pelos ímpios e o amor
sentido pelos filhos de Deus. A razão humana costuma distinguir o amor em
“tipos” conforme a aplicação, tal como o amor entre homem e mulher, o amor
entre amigos, o amor de pais para com seus filhos e o amor de Deus. O ser
humano é capaz de amar como resultado dessa graça comum, embora o seu amor seja
extremamente afetado pela natureza pecaminosa que o deformou, fazendo com que
seu amor seja uma deformação do amor perfeito de Deus – mas mesmo assim é amor (verdadeiramente, qualquer mãe “sadia”, apesar de ser pecadora, ama ao seu filho e muitas delas são
capazes de dar suas vidas por eles).
Os cristãos, por obra da regeneração operada pelo
Espírito Santo na conversão são capazes de viver um amor aperfeiçoado e muito mais próximo daquele amor que Deus tem por
suas criaturas e que é vivenciado entre a Trindade (Pai, Filho - Cristo - e o Espírito Santo), mas que mesmo assim ainda está
eternamente distante da plenitude do amor que somente Deus tem e sente - esse distanciamento com sua imperfeição terminarão com a efetivação da nossa redenção (1 Coríntios 13 v. 12 e 13)