30/03/2024

Páscoa - O sacrifício divino que gera vida e glória.


Chegamos a mais um feriado religioso do nosso calendário, que é repleto de festividades que o brasileiro comum não compreende senão pelo viés de um tipo de cristianismo popular predominantemente católico, sincrético e misturado a diversas tradições regionais que diferem daquele cristianismo que a Bíblia aponta. Estamos às vésperas de mais uma, assim chamada, semana santa e o próximo domingo será a Páscoa.

Talvez, para o brasileiro comum, esta seja uma data especial para “purgar” pecados - afinal, há quarenta dias tivemos o Carnaval, a “festa da carne”, onde se oferece o corpo (com conseqüências para a inteireza da vida) a todo tipo de pecado e ao Diabo e agora é o tempo de se fazer de conta que há preocupação com Deus e com a espiritualidade. Para muitos, as representações teatrais e populares da Paixão, revestidas de influências diversas, resumem-se a práticas culturais de certas tradições e assim, o evento Páscoa e seu significado têm sido reinterpretados em eventos culturais, em tradições muito distantes da realidade. Assim, tanto a Páscoa como o Natal, datas carregadas de significado para a cristandade – a Igreja de Cristo – têm sido deturpadas a ponto de perderem seu sentido original, tendo inclusive personagens-símbolo (coelho da Páscoa e Papai Noel) diferentes daquele que deveria ser o centro não somente nessas datas, mas o Senhor de nossas vidas - Jesus.

A Páscoa, aliás, não é uma data tradicional, culturalizada, apenas em tradições cristãs. É uma data rememorada pela tradição judaica que marca a libertação dos judeus pelo Senhor, por meio do profeta Moisés, da escravidão do Egito.

A 1ª Páscoa foi celebrada sob ordem do próprio Senhor, ordem dada a Moisés e registrada em Êxodo capítulo 12. Os judeus ainda estavam no Egito e na noite em que a 10ª praga, a morte dos primogênitos, se cumpriria, os judeus deveriam estar dentro de suas casas, cumprindo com a exigência do Senhor de imolar um cordeiro, marcar suas portas com seu sangue para que assim a morte não pudesse entrar para ceifar os primogênitos judeus, e além disso, as famílias teriam que comer o cordeiro sacrificado. Cumpriu-se, então, a palavra do Senhor e, ao contrário do que aconteceu aos egípcios, os primogênitos judeus não morreram. Segue-se o Êxodo, a saída dos judeus do Egito rumo à Terra Prometida, sua libertação pelas mãos do Senhor e seu servo Moisés.

Tal fato histórico que originou a tradição judaica de celebrar a Páscoa aponta para outro cordeiro, mais importante e abrangente em seus efeitos como sacrifício para salvar. A Páscoa original teve efeito sobre um povo específico e esse feito apontava para a necessidade da libertação de um povo mais abrangente de um tipo de escravidão igualmente mais abrangente.

A prática de sacrificar um cordeiro e de oferecê-lo em holocausto a Deus é uma prática que remonta à antiguidade bíblica e vemos essa prática num fato decisivo na vida daquele que é chamado de o “pai da fé”, Abraão (Gênesis 22. 8, Romanos 4. 16). Os cordeiros ou outros animais conforme eram possibilitados pelas posses das pessoas eram oferecidos a Deus em holocausto ministrado pelos sacerdotes para a remissão de pecados num tipo de culto a Deus, e isso era feito conforme as exigências da Lei de Deus conforme relata Êxodo 29, para a remissão de pecados, e assim, Deus poderia habitar em meio ao seu povo.

Mas esses holocaustos apontavam para um holocausto definitivo (conforme Hebreus 8), Jesus Cristo, o Deus Todo-Poderoso, criador dos céus e da Terra conforme diz João 1, fez-se homem para ensinar-nos a Verdade (João 14. 6) e para ser o cordeiro sacrificado a Deus em nosso favor (João 12. 27; Atos 8. 32; Isaías 53), o holocausto sobre o qual os pecados do povo de Deus seriam pagos com a morte de Cristo (Romanos 5).

Numa 6ª feira que antecedeu a Páscoa judaica, um dia de profundo sofrimento, Jesus foi traído por um de seus discípulos e vendido a quem o odiava para ser julgado de forma injusta durante a madrugada. Foi ofendido, humilhado, blasfemado, açoitado, condenado pelos judeus e por Roma a um tipo de morte destinada aos malditos, numa morte humilhante, angustiante, exposta a todos, pendurado numa cruz. O próprio Deus o desamparou porque em Cristo estavam todos os pecados, todas as trevas, todo o mal, todo o sofrimento que fazia separação entre os homens e Deus. Ele estava só. Em Cristo, os pecados daqueles que viriam a ser o povo de Deus foram pagos e a inocência dEle diante de Deus foi atribuída a todos os que viriam a crer nEle, os justificando pela fé. Morreu Jesus feito um maldito, o cordeiro foi imolado, o holocausto foi oferecido a Deus e houve trevas ao meio-dia.

Jesus não foi pego de surpresa, Ele conhecia a finalidade da sua vinda e ofereceu-se para ser este cordeiro que salvaria a muitos, tal como os cordeiros do Êxodo livraram os primogênitos Judeus às vésperas do Êxodo. E Ele sabia que a morte não o deteria (João 10. 18). No domingo de Páscoa, o triunfo do Senhor sobre a morte se mostrou com a ressurreição de Cristo! O Senhor está vivo e assim como Ele ressuscitou, todo aquele que nEle crer também ressuscitará para viver eternamente em sua glória (João 20; I Coríntios 15; João 6. 40) e essa é a nossa celebração: O Senhor Jesus está vivo, Ele vive e reina para sempre e nós, os que cremos, estaremos com Ele! 40 dias após a sua ressurreição, o Senhor Jesus reassumiu seu Trono à destra do Pai em sua Glória e rege todo o Universo até que o atual estado de coisas, comprometido pelo pecado seja refeito numa nova criação onde aqueles que em Cristo creram reinarão ao seu lado em glória!

A Páscoa verdadeira é o sacrifício eficaz de Cristo para a salvação de todo aquele que nEle crê e a consequência imediata disso é a devoção diária à Ele, e não uma comoção passageira de uma data culturalizada, tradicional.

Por isso posso dizer: Feliz Páscoa, sirva a Jesus!

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A nossa Páscoa.

Você sabe por que o Deus Todo-Poderoso enviou seu único Filho, Jesus Cristo, para este mundo?

1) Porque somente Jesus tem poder para lidar com o pecado que nos degrada e condena:

Jesus existia com o Pai desde toda a eternidade, Ele é a segunda pessoa da Trindade (o Pai, o Filho e o Espírito Santo) e participou ativamente da criação do universo.

Mas a criação foi corrompida pelo pecado em atos continuados de rebelião que nós, seres humanos, seres que foram criados à imagem e semelhança de Deus e a quem foi dada a missão de cuidar da criação divina, praticamos contra Deus e contra a sua Lei. Por isso fomos condenados ao banimento da sua presença e o mal resultante desse banimento degradou a nossa existência, a nossa essência, o nosso mundo e o nosso destino. A partir da nossa realidade decadente, com os nossos sentidos e a nossa racionalidade degradados, Deus tornou-se para nós num mistério desconhecido e completamente inatingível e as nossas vidas não correspondem à vida em seu estado de plenitude que fomos feitos para ter. Somos apenas um distorcido e decadente reflexo de algo que o pecado arrancou de nós e por isso estamos destinados à destruição tal qual um esboço feito num papel que será descartado. Vivemos num limbo de perdição e estamos destinados à completa desolação da ausência completa de Deus e sob o seu juízo.

Diante dessa realidade, nós nada podemos fazer para nos salvar. Mas aquele que nos criou à sua imagem, Jesus, esse pode nos salvar. E porque ele ama a sua criatura humana ele já fez tudo o que era necessário ser feito para salvar-nos do juízo iminente.

2) Porque somente Jesus poderia pagar as dívidas dos nossos pecados diante de Deus:

O pecado é rebelião que trás condenação a quem o pratica. Deus é perfeito e como parte da sua perfeição está a sua santidade, uma pureza plena que não admite o mal e que o repele. A natureza de Deus é incompatível com a nossa natureza degradada pelo pecado, somos inimigos enquanto o pecado fizer parte do que somos, pois o pecado e a santidade são excludentes e como a santidade é mais poderosa que o pecado ela o consome tal como o fogo que consome impurezas. Porém Deus nos ama e nos quer junto de si e por isso Ele fez o que era necessário ser feito para nos aproximarmos dele, para nos salvar.

Jesus Cristo veio a este mundo como homem, nascido da virgem Maria, com uma missão específica: MORRER POR PECADORES.

Jesus ensinou seus discípulos as verdades de Deus para que eles as ensinassem para outras pessoas, mas Ele agiu para fazer com que o seu povo fosse salvo das condenações eternas do pecado quando Ele mesmo assumiu as nossas culpas diante de Deus e arcou com as consequências dos nossos pecados diante do Justo Juiz. Jesus fez isso para podermos receber o perdão quando a justiça de Cristo for imputada a nós ao manifestarmos a nossa fé nele, na nossa justificação pela fé - ao crermos em Cristo nós somos reconciliados com Deus e recebemos como presente, um ato da Graça divina, as consequências dos atos praticados por Jesus por nós. No caso dos que crêem em Jesus, pessoas pecadoras como quaisquer outras, a santidade do Senhor lhes é atribuída porque Cristo pagou pelos seus crimes diante da Lei divina e com o seu sangue os comprou para si. Jesus morreu na cruz para que com a sua agonia e morte nós, os que crêem, fôssemos livrados do inferno do banimento de Deus e fôssemos plenamente reconciliados com Ele. Por causa de Cristo nós recebemos a vida plena e eterna que é reintegrada ao plano inicial de sermos a sua imagem e semelhança.

3) Porque somente Jesus poderia vencer as forças do pecado, da morte e do inferno.

Ao assumir as culpas dos pecadores Jesus tomou sobre si todas as consequências do pecado, todo sofrimento, dor, maldição, desolação e todo mal consequente do banimento de Deus, que é a fonte de toda verdade e de todo bem. E Jesus foi fiel à sua missão de ser um cordeiro enviado ao matadouro, o perfeito holocau1sto, até o fim, até a sua morte na cruz maldita.

Mas por ser Santo, por não ser um pecador, por ser o próprio Deus encarnado, a manifestação perfeita do Deus Todo-Poderoso neste mundo que foi feita diante dos homens, a morte não o pôde deter e ao terceiro dia Jesus triunfou da morte, do pecado e do inferno ao ressuscitar dentre os mortos e reassumir o seu trono de Glória como o cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo e que comprou com o seu próprio sangue as vidas de muitos homens e mulheres, velhos e jovens para estarem por toda a eternidade diante da Glória do Deus que agora lhes é conhecido e a quem chamam de Pai. Assim como Cristo venceu, nós, os que cremos e que fomos reconciliados com Deus, venceremos também!

Páscoa é o ato de um inocente morrer no lugar de um criminoso que estava condenado à morte para que esse criminoso seja livrado de pagar pelos seus crimes.

A nossa Páscoa é o fato de que o Senhor e salvador Jesus se fez homem para oferecer-se como sacrifício, morrendo em nosso lugar na cruz. Dessa forma, as nossas dívidas foram pagas diante do Justo e Santo Deus, recebemos o seu perdão e fomos transformados em Filhos de Deus em semelhança ao seu Filho Jesus.

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Celebrando a Páscoa

Quando nós, cristãos, celebramos a vitória do Senhor Jesus sobre a morte, sobre o pecado e sobre o inferno através da sua ressurreição após sua morte na cruz?
Em todos os domingos, dias do Senhor em que os crentes se reúnem para a adoração a Deus.

E quando nós celebramos a Páscoa cristã, a partilha da mesa do Senhor que por Ele mesmo foi ordenada?
Em todas as vezes que celebramos a santa ceia do Senhor Jesus, comendo do pão que representa a partilha do seu próprio corpo que nos foi dado e bebendo do vinho que representa o derramamento do seu sangue para a nossa redenção, e assim anunciamos a sua morte até que Ele venha.

Não há nada de especial, nem nenhum destaque espiritual, na data da Páscoa, uma festa do Antigo Testamento que caducou, que perdeu suas funções litúrgicas com a obra da cruz que essa festa religiosa prefigurava.