06/08/2024

Igreja e pastor



Igreja e pastor

Igreja não é "cada um por si" e igreja nenhuma deve ser centralizada no pastor, pois não pertence a ele, nem deve ser um empreendimento que se confunde com empresas que são apenas administrativamente geridas por um conselho de presbíteros, mas que negligenciam seus deveres espirituais perante o povo.

Igreja é um "corpo", e de Cristo, portanto é um ajuntamento santo e vivo que tem dono, tem um Rei zeloso que a define, sustenta e dirige soberanamente.

Igreja é o ajuntamento de crentes no Senhor para viverem a fé e a missão que é praticada e distribuída nos seus diversos membros e dons, tanto visando o trabalho interno no discipulado dos crentes, no seu fortalecimento e cuidados mútuos como praticando o trabalho externo, o ide, a missão proclamadora do Evangelho e as ações de piedade que dão testemunho dele. 

Toda igreja verdadeira é um farol no mundo.

Igreja é uma fraternidade que tem como fundamento a vida e a obra do Senhor Jesus Cristo, que nos é ensinada pelas Escrituras. É o Reino de Deus incipiente, e que com o retorno do Senhor Jesus será um Reino pleno. Tudo o que a Bíblia ensina deve ser aprendido e praticado pela congregação dos crentes, que devem priorizar sua comunhão obediente com Deus, praticada principalmente na adoração ao Senhor no culto congregacional e público, mas que também tem outras funções além do culto, vistas na fraternidade e nos serviços que devem ser dedicadamente cultivados.

E para os serviços existem papéis distintos, a começar da liderança, que deve ser modelo, do pastor, dos presbíteros e dos diáconos, ofícios ordenados e orientados pela Bíblia.

E se um pastor não pastoreia, não demonstra interesse e amor dedicado às pessoas que estão congregadas na igreja que lidera, servindo essas pessoas como um irmão mais experiente para prosseguirem no caminho do Senhor em progressiva santificação? Saiba-se que essa igreja não tem um pastor verdadeiro, tem apenas um profissional de púlpito, mero palestrante, um mercenário que deveria ser disciplinado, ou demitido e substituído. 

O trabalho do pastor não deve se resumir ao que ele faz no púlpito e as suas obrigações são definidas pela Bíblia, não pela vontade de quem quer que seja. Pastores e líderes de verdade devem seguir o modelo do nosso supremo pastor e único cabeça do corpo de Cristo, porque verdadeiros pastores dão a vida pelas suas ovelhas em vez de lucrarem com a imposição à congregação de um serviço profissional remunerado que em muitos casos é parcial, seletivo e, consequentemente mal feito.

Saiba-se que igreja verdadeiramente cristã nenhuma pertence ao seu pastor ou liderança, a igreja tem um Rei e Senhor, que é Cristo somente. As lideranças são meros mordomos e dispenseiros do Senhor, uns fiéis, outros não. São as falsas igrejas, de falsos pastores, que têm donos mundanos. Mas esses são lobos, não servos de Cristo. Os servos de Cristo não ousam fazer política na igreja, nem transformá-la em suporte para auto-projeção. Crentes verdadeiros não fazem da igreja uma empresa, nem um clube, nem uma máfia ou dinastia. Somente lobos fazem isso e quem trabalha pelo reconhecimento ou salários dos homens já recebeu o seu galardão. As distinções que os usurpadores da religião já obtiveram nessa vida são o mais próximo do céu que jamais terão.

Saiba-se que pastor nenhum é um sacerdote diante do povo, não! Todos os crentes são sacerdotes do Senhor Jesus, o nosso único e suficiente Sumo Sacerdote, o único Mediador entre Deus e os homens. Ele reconciliou os crentes, a igreja, com o seu Deus e Pai através da sua obra redentora na cruz, sendo, portanto o único meio de irmos ao Pai. E é porque fomos reconciliados com Deus por Cristo que nós podemos serví-lo perante o mundo caído, e esse é o nosso sacerdócio comum a todos os crentes, nós ministramos a Graça de Deus às outras pessoas, oramos por elas, servimos e pregamos para elas sem que hajam distinções entre pastores e crentes comuns.

Todos os crentes são sacerdotes, todos entram na presença de Deus-Pai por meio de Cristo, todos podem e devem servir ao Senhor ministrando a sua Graça às outras pessoas. A distinção do pastor é apenas funcional, pois ele é como um irmão mais experiente, o ancião, aquele que foi dotado de alguns dons para instruir e ajudar os demais irmãos que estão congregados numa igreja a compreenderem bem a fé que receberam e para, juntos, servirem ao Evangelho com fidelidade.