22/07/2024

Formalidades e formalismo


Formalidades e formalismo

A principal virtude das formalidades é semelhante a uma caixa dourada com um grande laço vermelho. Pouco importa se o seu conteúdo é bom ou não, a formalidade faz parecer que a coisa toda é valiosa e importante. 

Toda formalidade pode vir a ser um fim em si mesmo e servir como adorno para supostamente valorizar o que carrega de bom ou um belo disfarce para uma porcaria. O bolo tinha um sabor péssimo, mas a cobertura de glacê formava um belo desenho que despertava desejos em quem o observava pela vitrine. O juiz era um boçal e cretino, mas não abria mão dos ritos apropriados ao exercício do cargo e de ser tratado como meritíssimo. A pregação feita no culto não foi ortodoxa, não foi fiel às doutrinas apostólicas e não foi centrada na obra nem na glória de Deus em Cristo, mas a formalidade nas demais coisas deram um ar de espiritualidade onde a verdadeira não pôde ser vista. Assim, as formalidades podem funcionar como um tipo de mascaramento, um disfarce, uma forma de proteção, uma saída pela tangente, uma maneira de se atribuir segurança ao que se faz, artificialmente. E por isso as formalidades podem ser demasiadamente valorizadas num formalismo imposto e exigido em ritos e detalhes que refletem tradições de homens que se transformam num verdadeiro culto às formas em detrimento da valorização do seu conteúdo.