23/05/2024

Ateus e o orgulho humano

"Diz o insensato no seu coração: Não há Deus. Corrompem-se e praticam iniquidade; já não há quem faça o bem."

Salmo 53: 1


* Foto do filósofo alemão (desgraçadamente ateu, coitado) Arthur Schopenhauer.

"Uma vida feliz é impossível. O máximo que se pode ter é uma vida heróica." Arthur Schopenhauer.

Ao contrário de ser uma expressão de sensatez, o ateísmo é estado de embrutecimento da racionalidade fundamental no que define o ser humano - criatura de Deus que tem sua imagem e semelhança e que foi criada para a glória do seu Criador - sendo o ateísmo, portanto um estado racional pervertido de auto-negação, de violação da própria consciência, de banimento de sentido, de perversão lógica, de anarquia no senso moral, de transferência do indelével senso de divindade para qualquer outra coisa criada ou para ideais que lhe sirvam de ídolo, de alento e de causa. Todo ateu é um errante num deserto que invariavelmente o matará.

Todo ateísmo é idólatra, ainda que despersonificada, praticada em "deuses" não pertencentes às formulações religiosas, mas ressignificadoa em abstrações e em formulações de outras formas de saber que se propõem a ser autônomas, independentes, mas que na verdade estão fadadas a refletir a permanente decadência e obscuridade do ser humano nas trevas do banimento de Deus. Sem Deus sobram apenas trevas.

Ao bloquear a sua consciência para o óbvio e não negociável reconhecimento de que a criação aponta para a evidência e necessária existência de uma causa maior, o Criador (ainda que nesse reconhecimento primário seja, nesse ponto, indefinido, um mistério insondável...), todo ateu se afunda numa espiral de iniquidades, sendo o desprezo pelo Criador uma iniquidade que potencializa diversas outras que se multiplicam, como a idolatria aplicada a si mesmo em suas aspirações e ambições, ou nas coisas criadas, ou em ideais (como a veneração das ciências). Ainda que sob a graça comum todos os homens possam fazer ou desfrutar de muitas bondades, porque as misericórdias do Deus que criou todas as coisas também são manifestadas no fato de que Ele mesmo sustenta todas as coisas criadas para que cumpram os seus propósitos, fazendo chover e provendo o sol de cada dia sobre justos e injustos - a graça comum que em grande parte pode ser estudada e servir de material para o exame inclusive para os ateus trabalharem em suas ideias, que são em grande parte proveitosas mas sempre maculadas pela sua iniquidade insensata e sempre corrupta. Por isso nunca será pelo exame das coisas criadas que nenhum homem (incluindo, evidentemente, os ateus) chegará além da abstrata constatação de que existe "algum deus" uma força maior e lógica que rege todo o universo, nunca será através das tentativas de se explicar o surgimento do universo, nem por formulações da matemática e da física, nem pelas teorias e especulações desde Charles Darwin, nunca se chegará à verdadeira fé salvadora e à verdade pelas discussões, sofismas e estudos feitos a partir dos nossos tão limitados fundamentos e alcances. No máximo chegamos perto da beira do abismo mas nunca poderemos perscrutar seus infinitos.

A única salvação possível para os (insensatos - é isso que afirma o Salmo 53) ateus é o Evangelho. Nele sabemos quem é o Criador, somente em Cristo Deus é a nós conhecido e somente por Ele nós somos reconciliados. Ele se manifestou no mundo no milagre da encarnação do Senhor Jesus Cristo - e por ser milagre, isso nós não temos como comprovar, o convencimento dessa verdade factual é espiritual, ato de Deus na consciência (como o foi na história) acerca de um fato histórico que não testemunhamos, senão pela fé, que é gerada pela pregação desses fatos na esperança do Espírito Santo convencer soberanamente a todos os eleitos de Deus que estão espalhados por toda a Terra - sejam eles quem forem, incluindo muitos dos ateus mais convictos e militantes (ninguém pode resistir aos decretos do Todo-Poderoso). Ou seja, sendo o Evangelho, com todos os atos divinos nele descritos - coisas impossíveis aos homens - a única esperança real que é oferecida por Deus para a salvação de todos os tipos de pessoas (e isso inclui os ateus) não nos é oferecido, portanto, nenhuma outra forma de reconciliação com Ele além da exclusividade do Evangelho. Deus não se submete às nossas regras, formulações ou convenções. Deus, o Senhor, não joga o nosso jogo, Ele simplesmente despreza os fundamentos a que nos apegamos nos nossos orgulhos e os quebra, os despedaça com a única esperança possível, contudo eficaz e poderosa, para nos reconciliar com Ele, para que o conheçamos - eis o Evangelho! O que Deus nos oferece necessariamente nos humilha em nossas prevaricações, pois o Evangelho, a mensagem de salvação do Deus-homem que morreu na cruz e ressuscitou para salvar pecadores (outro milagre que não temos como reproduzir - um dogma, uma verdade fundamental), é o poder de Deus que foi manifestado neste mundo para salvar aqueles pecadores que crêem, respondendo à sua mensagem de salvação positivamente. E de todos eles é exigido que se arrependam dos seus pecados - quaisquer pecados - incluindo a insensatez do ateísmo, nossos orgulhos, prevaricações e a resistência em se prostrar diante do amor de Deus que foi provado na vida e na obra do Senhor Jesus. Nossos deveres diante dessa Graça salvadora (que difere da comum por ser dada somente aos eleitos para a salvação) são o necessário reconhecimento do seu senhorio, devotando a Ele as nossas vidas tão severamente encardidas pelo pecado.

Por isso, se arrependa e creia!

A fé não nos é natural, é um dom de Deus. Todos fomos idólatras um dia, blasfemos, ignorantes, filhos da mentira atribuindo nossas confianças em ideais ateus, em nós mesmos, ou em quinquilharias místicas, em religiões, em santos de pau oco ou e paganismos. Contudo a verdadeira fé é um despertamento, é uma realidade espiritual, transcendente, é um dom dado pelo próprio Deus para diversas pessoas quando elas ouvem o Evangelho do Senhor Jesus e de uma forma irresistível passam a crer NEle, dando início, aí, a um processo revolucionário e transformador de si mesmo (e com muitos momentos relutantes), transformando uma velha criatura perdida em seus próprios enganos, quaisquer que sejam, num discípulo do Senhor que agora tem descortinado diante de si o verdadeiro conhecimento de Deus, agora seu Pai, e que caminha rumo à eternidade numa santificação gradual até as glórias insondáveis do porvir.

Todo cristão verdadeiro é um pecador alcançado pelos atos do Salvador e Senhor Jesus Cristo. Ser pecador é um fato comum a todos nós. Nossa justiça não é própria, mas nós, os que cremos, também morremos naquela cruz onde o Senhor Jesus serviu como holocausto e também ressuscitamos com Ele. Fomos feitos novas criaturas quando o Senhor Jesus triunfou da morte, e do que seria o meu inferno, e do meu pecado.

Creia e siga ao Salvador Jesus.

"Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me; pois, quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á."

(Mateus, 16: 24, 25)


Veja também:

O que é o Evangelho?

https://atitudeprotestante.blogspot.com/2023/08/o-evangelho.html

O que é o pecado?

https://atitudeprotestante.blogspot.com/2023/08/o-que-e-o-pecado.html

_____________________________________

O homem como o centro de todas as coisas.

"Homem Vitruviano

Arte feita pelo magnífico gênio renascentista, Leonardo da Vinci, onde é representado "o homem como medida de todas as coisas", um ideal do período do Renascimento - um ideal estético e do pensamento europeu, especialmente italiano, dos anos 1500 em que se procurou resgatar as ideias clássicas greco-romanas aplicadas nas artes e na filosofia renascentista e humanista, e assim se distanciava da ideia de Deus (conforme os domínios do catolicismo romano) como o centro e a medida para todas as coisas colocando-se, em seu lugar, o próprio homem como o centro de tudo - são os interesses do homem e os desenvolvimentos das suas capacidades que, de acordo com esse movimento que se desdobrou nos séculos seguintes tanto para o bem como para o mal, é que devem ser buscados = humanismo.

Em contraste, a Reforma Protestante, ocorrida no mesmo período (poucos anos depois), mas como desdobramento desses movimentos (somados a outros movimentos de "pré-reforma") é que restaurou e estabeleceu a principal diretriz que deve ser buscada - A GLÓRIA DE DEUS, pois é Deus (o Deus-Homem perfeitamente revelado na pessoa e na obra do Senhor Jesus Cristo), e não o homem pecador, caído, é que é o "centro e a medida de tudo (Romanos 11: 36).