Os perigos das boas mensagens e das virtudes esvaziadas do Senhor.
Não é uma característica recente a propagação de ideais cristãos destituídas da pessoa do Senhor Jesus (essa é uma característica do pós-cristianismo, um subproduto cultural amplamente praticado por quem despreza a fé no Senhor mas quer ter suas virtudes morais), e isso pode ter efeitos práticos positivos em causas pontuais como a defesa dos direitos civis mas não tem nenhum efeito nas causas que importam mais e que são os objetivos primários e fundamentais do Senhor e do seu Evangelho - a nossa reconciliação com Deus.
É óbvio que a igualdade das gentes é causa importante, que os direitos civis devem ser igualitários, que deve haver liberdade e justiça, mais ainda que todos os dilemas humanos e suas injustiças sejam solucionados, tais coisas seriam apenas bens provisórios e efêmeros e não resolvem o nosso problema primário e fundamental: somos pecadores que carecem de salvação, da reconciliação com Deus, o autor e sustentador da vida.
O problema das causas e das militâncias que se apropriam de princípios cristãos como igualdade, justiça, amor e perdão mas as desvinculam da pessoa onde essas e outras virtudes subsistem é que, necessariamente, todas essas virtudes passarão a ser aquelas que o gênero humano corrompido pelo pecado pode praticar, e assim, todas elas serão frutos corrompidos pela nossa natureza corrompida, serão meras caricaturas decadentes das verdades que o cristianismo prega.
Não é possível comunicar ou praticar as excelências do Senhor sem que se proclame a sua pessoa e a sua obra. Não é possível ter a justiça e a fraternidade apontadas por Cristo sem que Cristo esteja presente. E esse foi o defeito, crasso, cometido por muitos líderes cristãos que se tornaram em figuras proeminentes por suas militâncias aparentemente justas, pois os ideais do mundo exigiram deles que retirassem a exclusividade do senhorio, da proeminência e da glória do Cordeiro de Deus, o Senhor Jesus Cristo, dos seus discursos para que esses ideais, agora mais fluidos e despersonalizados, tivessem maior aceitação em contextos plurais e laicos, incluindo naqueles contextos onde se desejam as virtudes de Cristo sem o seu senhorio. Vendeu-se, assim, a verdade, reduzindo-a ao que ela não é.
Essa é uma das formas de secularização, de mundanismo da igreja e da sua apostasia. Pois às vezes no afã de militar nas causas do mundo as igrejas e suas lideranças se rendem às suas pautas e se submetem às exigências do mundo em lugar das exigências do Senhor
Não existe cristianismo sem a glória, a primazia e a proeminência do senhorio exclusivo do Senhor Jesus Cristo.
No Evangelho, ou você aceita e se submete a tudo, ou não tem nada de Deus. Não há acordo.
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Castelos de areia
Não existe e jamais existirá qualquer possibilidade de redenção humana com o homem procurando em si mesmo e nos seus esforços os meios de se alcançar um ideal de paz, de harmonia e de felicidade. Todos os esforços por fraternidade são efêmeros, incapazes de produzir o bom fruto desejado, pois todos estamos sob a maldição do pecado, naturalmente quebrados no que deveria ser o nosso fundamento, estamos destituídos de Deus e entregues às vaidades das nossas imaginações sempre inclinadas para a oposição da santidade do Criador, pois a sua luz nos repele e o seu fogo nos consome, e nada do que façamos nos restaurará.
Na condição de pecadores, e sob essa maldição, nós somos autodestrutivos. A história humana é a história do embate entre civilizações, das disputas dos poderes, das ambições e da rapina. O homem é o lobo do homem e esse é um dos efeitos da sua miséria como raça banida de Deus e destinada à morte.
Nessa condição miserável do pecado os nossos esforços por paz e fraternidade são como os risíveis riscos que traçamos na areia de uma praia, no subir da maré tudo desaparecerá. Nossos tratados de paz são apenas fumaça. Basta um passo errado e todos os esforços e acordos dos homens viram ruínas. O problema não está baseado nas fragilidades das relações humanas, mas sim na quebra da nossa comunhão com a fonte de todo bem, verdade e justiça. O nosso problema é com o Deus que é o Criador, e Sustentador de todas as coisas e que é a única fonte possível da nossa necessária redenção.
Foi Deus, o Criador e Senhor de todas as coisas, quem impôs inimizade entre os povos como consequência da rebelião de todos eles contra o Senhor (Gênesis 10), e essa inimizade que acarreta em disputas, opressões e guerras só pode ter fim sob o cetro e a coroa do Rei dos reis e Senhor dos senhores, com o domínio do nosso Redentor Jesus Cristo, aquele que nos reconcilia com Deus e também nos reconcilia uns com os outros. Sob o senhorio de Cristo os convertidos são todos irmãos reunidos numa única Igreja.
A única redenção possível está além de nós, e é a interferência do Deus de quem fomos banidos para, por meio da sua encarnação, morte na cruz e ressurreição, os maiores milagres em toda a história, sermos reconciliados.
A única salvação possível, a restauração da nossa plena humanidade conforme a imagem do Criador revelada no Senhor Jesus Cristo é o arrependimento e a fé no seu Evangelho. Em Cristo estão os feitos da nossa salvação, nele deve ser posta a nossa fé, a Ele devemos seguir e servir e Ele é o nosso modelo, fundamento e referência.
Todo o resto é utopia, engano, mentira e multiplicação de iniqüidade sobre iniqüidade. Crenças, descrenças, cientificismos, ideologias, niilismo, tradições, religiões... Não existem esperanças verdadeiras fora das misericórdias oferecidas pelo Evangelho do Senhor Jesus, o Deus encarnado e a plenitude em torno de quem tudo se fundamenta.
A única esperança está aberta e clamando diante de todos. O Evangelho é uma porta aberta para um caminho oferecido a todos para que se arrependam, creiam e sejam salvos. E quem tiver ouvidos que ouça e venha a Cristo - não há salvação sem Ele!
Veja também: O Evangelho
https://atitudeprotestante.blogspot.com/2023/08/o-evangelho.html