28/12/2022

Como funciona a secularização de uma igreja?

Como funciona a secularização de uma igreja?

Sabemos que uma igreja verdadeira é regida pela Palavra de Deus em obediência ao seu Senhor e Rei Jesus enquanto milita neste mundo, mas não de forma subserviente a ele. Igreja é um luzeiro no mundo que está em trevas, é o corpo de Cristo, o Reino de Deus plantado, de forma incipiente, no mundo para anunciar nele a verdade do Deus auto-revelado no Senhor Jesus Cristo.

Mas muitas igrejas se deixam influenciar pelo mundo que elas deveriam influenciar e iluminar, e passam a adotar, ainda que em graus diferentes, os valores do mundo, sua moral e a sua cosmovisão.

Assim a verdade da Palavra de Deus tende a ser gradualmente relativizada, pecados vão perdendo a sua gravidade e valores estranhos aos ensinados pela Bíblia vão sendo incorporados pelos crentes. Isso é apostasia, é desviar-se do caminho do Senhor, é mundanizar-se.

Os fatos bíblicos passam a ser vistos como meras ilustrações. Por exemplo, o nascimento virginal do Senhor, um fato, passa a ser reinterpretado como "nascimento nos nossos corações", uma subjetividade herética, e a ressurreição do Senhor Jesus passa a servir como incentivo à "ressurreição de sonhos", de empreendimentos e outras aplicações que nada têm a ver com a doutrina bíblica sobre o fato da ressurreição do Senhor e nossa.

Pecados passam a ser tratados com complacência, não com exortações ao arrependimento. Se um pregador prega asneiras e distorções, não se deve corrigí-lo, pois isso seria uma "grosseria deseducada", mas deve-se aceitar as tolices ditas como que vindas do Senhor. Se um casal se divorciou, não se vê tanto problema em se celebrar novos casamentos com outras pessoas, talvez porque Deus se esqueça da sua Lei Santa e imutável e se sujeite às deliberações dos homens, porque, talvez, os concílios sejam soberanos e devam ser sempre acatados como inerrantes. Seguindo essa mesma lógica, não se deve falar que aborto é pecado, que é assassinato de bebês, porque dentre a comunidade pode haver quem já o tenha praticado, e para não ferir os sentimentos dessas pessoas, também não se toca mais nesse assunto delicado, assim como não tocaremos em outros assuntos delicados e polêmicos como dizer que homossexualismo é pecado, ou corrupção, ou mentir. Se dentre a comunidade existem aqueles que votam em políticos que defendem pautas notadamente anticristãs, faz-se a opção de banir as discussões sobre assuntos com potencial polêmico, como o da política, para não ferir o sentimento nem a consciência de quem persevera no engano. Isso porque, segundo essa ética, errado está quem discute assuntos "delicados" e expõe as pessoas a constrangimentos desnecessários, não quem peca porque não foi advertido, instruído nem repreendido.

E, para não ter problemas com a consciência de ninguém, e para que ninguém pense em sair da igreja, o ensino bíblico fiel dá lugar a curiosidades, distrações e distorções, nada de "radicalismos" nem "extremismos". Nas escolas bíblicas adota-se material do mundo corporativo, do marketing e de outras bobagens e mantém-se apenas o rótulo de ensino bíblico, apesar do seu evidente esvaziamento. E isso não é problema, o importante é a "comunhão"...

Costuma-se fazer assim: nivela-se as coisas num padrão cada vez mais baixo e raso para não ferir aqueles irmãos que absorveram o mundanismo como formador das suas convicções e práticas, e assim a igreja aprende a conviver com pecados diversos como se fossem inócuos e oferecem ao Senhor cultos cada vez mais profanados.

Essa é uma igreja que está morrendo.