Deserto
Ver somente o lado positivo das coisas pode ser perigoso.
Ouve-se recorrentemente que o deserto do Êxodo ilustra as provisões e os cuidados de Deus e que essa passagem serve como um tipo para as nossas lutas e provações durante a peregrinação da vida que visa o nosso aperfeiçoamento, edificação e santificação.
Meias verdades...
Isso só é verdade para os crentes fiéis. O problema são as generalizações otimistas.
Nesse mesmo deserto toda uma geração de libertos do cativeiro egípcio foi morta, dando lugar à geração subsequente, a que entrou na terra prometida e que pouco tempo depois foi descrita no livro dos Juízes como um povo invariavelmente infiel ao seu Deus e Redentor e que ciclicamente foi disciplinada por Deus por causa dos seus recorrentes pecados, especialmente os pecados de idolatria - a "mãe" de todos os pecados, porque da ruptura com Deus descende toda a cascata das nossas degenerações.
Ou seja, nas peregrinações dos desertos Deus manifesta o seu cuidado com o seu povo, mas a maior parte desse povo é murmurador e facilmente inclinado à rebelião e à apostasia, pois facilmente troca o Deus Todo-Poderoso que o sustenta, mas que é invisível e impossível de ser manipulado, por qualquer ídolo feito de pau, de pedra ou de gesso que possa ser visto e tocado porque as cobiças do mundo costumam exercer maior fascínio para a maioria das pessoas em comparação com as glórias do Deus Santo que não podem ser assimiladas pelos nossos sentidos carnais, mas somente pela fé. E a santidade é um contraponto para as satisfações da carne, o imediatismo do homem carnal é um inimigo da fé.
Promessas genéricas são mentiras e graça barata não é Graça. As promessas do Deus Santo estão associadas com a verdadeira fé, aquela que persevera até a morte mesmo quando não se vê em vida o cumprimento dessas promessas, porque a verdadeira fé olha para o Senhor Jesus Cristo e persevera nele, na sua Palavra.
Mas quem perseverará rumo a um prêmio que não pode ser visto? Não muitos. Por isso grande parte do povo se desvia no meio do percurso, porque no meio dele costumam existir atrativos e atalhos que levam para a perdição.
Bem disse o Senhor:
"Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos."
(Mateus, 22: 14)