Discernindo pessoas para compartilhar a vida - nem todo mundo deve fazer parte do seu círculo íntimo.
Uma vez que o Senhor Jesus ordena aos seus discípulos "Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas, não aconteça que as pisem com os pés e, voltando-se, vos despedacem" (Mateus 7:6), conclui-se que os cães e porcos da sua fala, termos usados para adjetivar pessoas (adjetivos notadamente negativos) tratam-se de qualificações identificáveis que seus discípulos têm o dever de reconhecer em pessoas que evidenciam certas características, práticas e costumes que faz com que essas pessoas devam ser evitadas naquilo que o Senhor chama de dar ou partilhar o que é para nós muito importante - as nossas pérolas ou coisas santas.
Então, muito diferente do senso comum acerca de uma percepção rasa de cristianismo que parece exigir complacência inextinguível, o verdadeiro cristianismo requer um certo tipo de acepção de pessoas, mas não no sentido denunciado em Tiago 2, onde o irmão do Senhor ensina que na igreja não se deve praticar acepção de pessoas de acordo com as diferentes classes sociais (essa acepção sim, um pecado), mas, no Sermão do Monte, o Senhor Jesus nos adverte a não desperdiçar o que nos é precioso com quem não reconhece o valor das nossas pérolas (aquilo que para nós é importante) e santo (a nossa devoção ao Senhor) com quem é cão (um animal que volta a comer do seu próprio vômito) ou com quem é porco (um animal que depois de limpo volta a se sujar na lama) - "O cão voltou ao seu próprio vômito, e a porca lavada ao espojadouro de lama" (2 Pedro 2:22).
O Senhor Jesus ensina e ordena aos seus discípulos que se esmerem nas práticas dos seus ensinos e perseverem em fidelidade a Ele, e isso inclui não desperdiçar seus dons e tempo com aqueles que se utilizam da boa vontade dos seus discípulos para, reiteradamente, retornarem às velhas práticas do pecado.
Cães e porcos são aqueles que vivem no derredor dos crentes para de alguma forma se beneficiarem deles, são frequentadores das igrejas que desprezam a santificação e que sempre jogam na lama e na imundície todo o bem que costumam receber. Sobre esses o Senhor nos diz para não lhes darmos mais o que eles aparentemente querem mas que sempre desprezam - e é muito interessante o fato do Senhor Jesus ensinar aos seus discípulos sobre como proceder com gente classificada como cães e porcos logo depois do seu ensino sobre o "não julgueis". Isso porque atribuir a alcunha de cão ou de porco a uma outra pessoa é um tipo de juízo (e é radical, severo, ofensivo), pois para fazer essa constatação se fez necessário não apenas julgar a conduta de alguém como também atribuir-lhe o veredito (é cão ou porco) com a sanção de não lhe dar pérolas nem coisas santas. Essa é uma evidência de o quanto as Escrituras têm sido muito mal interpretadas e aplicadas, porque o ensino do "não julgueis" de Mateus 7 não se trata de uma ordem de não julgar as pessoas, mas sim de considerar que julgar aos outros nos expõe ao julgamento também, e com os mesmos critérios que adotamos. Somado à ordem dada pelo Senhor Jesus em João 7: 24 "Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça" fica claro que o julgamento feito pelos discípulos do Senhor quanto às condutas de si mesmos e dos outros deve ter por base as Escrituras, pois somente elas refletem a verdadeira justiça e são elas que nos ensinam até que ponto devemos insistir em dar aos outros o que nos é importante.
Não perca tempo com gente que reiteradamente despreza o que para um discípulo do Senhor Jesus é importante e precioso, com quem decide retornar ao vômito e à lama porque sabe que depois será amparado por um crente ou pela igreja. A complacência com pecados claramente reiterados cria um círculo vicioso que faz com que toda sorte de imundície passe a ser natural e aceitável numa convivência promíscua e cínica na vida cristã, comprometendo a necessária santidade da igreja. O comportamento observável de gente que volta a se sujar sempre ou que se alimenta costumeiramente de imundície define o tipo que essa pessoa é, e insistir nelas, desperdiçando nelas recursos, tempo e dons que deveriam ser melhor aplicados em outras pessoas é tolice e é pecado de condescendência.
Seja mais seletivo com quem você partilha a vida. A fraternidade dos crentes deve ser santa e ela não é para quem desdenha das elevadas e santas exigências dos ensinos do Senhor.
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Quem é amigo de todo mundo não é amigo de ninguém.
Só pode ser amigo de todo mundo - e todo mundo inclui todo um universo de divergências e oposições - quem é interesseiro, quem quer ganhar algo, obter vantagens, bater metas com essas supostas amizades.
Somente comerciantes tratam com sorrisos e abraços seus possíveis clientes sem se ater aos seus princípios, valores, crenças e identificações. Comerciantes recebem bem e costumam chamar de amigos a qualquer um que possa ser seu cliente. E isso inclui párocos, terroristas, chefes do tráfico, bondosas mães de família e pedófilos. Porque o comerciante não está verdadeiramente interessado na fraternidade, na identidade, na substância do outro, mas sim no que o outro pode lhe proporcionar. Não é a verdade que ele quer, ele quer ganhar.
E muitas das relações que se tem não passam de relações interesseiras onde se comercializam vantagens e isso não é amizade.