02/10/2022

Os crentes e a política


Deus é soberano sempre.

É Ele quem estabelece ou retira as autoridades, nada escapa do seu senhorio.

E quando é alçada ao poder uma autoridade iníqua, perversa? Foi Deus quem a constituiu?

Sim, foi. 

Em casos assim a autoridade perversa é constituída como forma de punição a um povo iníquo. Se um povo cultivou pecados, pecados terá e juízo sofrerá sob uma autoridade perversa. 

E aos cristãos, que estão sob a autoridade máxima de Deus, eles devem se submeter às autoridades constituídas somente naquilo que a autoridade maior, a Lei de Deus, não for desobedecida. Dessa forma os cristãos jamais devem apoiar ou se submeter às autoridades ou às leis dos homens que conflitem com os valores da Palavra de Deus. Assim, na prática, os cristão deverão resistir às más autoridades em seus atos e proposições que confrontam a vontade de Deus revelada e, se for necessário, visando o reestabelecimento do bem comum segundo a Lei de Deus, os cristãos devem se opor a qualquer tipo de tirania praticada no mau exercício da autoridade constituída - e se for preciso eles orarão de forma imprecarória e trabalharão pela derrubada do perverso a fim de que as autoridades humanas cumpram os seus deveres na promoção da vida, do trabalho e do bem comum com justiça.

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Orando pelos perversos - incluindo as autoridades perversas.

Muitos confundem o orar por alguém como sempre apoiar, sempre querer que Deus abençoe e traga felicidade àqueles por quem se ora. 

Mas nem toda oração deve ser assim! Nos Salmos imprecarórios nós vemos os salmistas orando a Deus para que Ele, entre outras coisas, "quebre os dentes da boca" (Sl. 58: 6), "os consuma até que deixem de existir" (Sl. 59: 13), ou "que caiam brasas vivas sobre eles" (Sl. 140: 10) entre outros pedidos para que Deus manifeste seu poder não de forma favorável por aqueles por quem se ora, mas sim contra eles, a fim de quebrá-los, impedindo-os, assim, de prosseguirem fazendo o mal na expectativa de que se arrependam.

E muitas vezes é assim que se deve orar por autoridades (1 Tm. 2: 1, 2), não para que Deus abençoe e faça prosperar as más obras das suas mãos, mas sim para que Deus as confronte, abata e os substitua por justos, pois a finalidade da oração pelas autoridades é "para que tenhamos uma vida tranquila e pacífica, com toda a piedade e dignidade". Ou seja, se determinada autoridade não corresponde a essa finalidade, que nos lembremos dos Salmos imprecarórios contra ela.

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A exclusão da consciência política por parte de lideranças eclesiásticas em suas igrejas é tão errada e pecaminosa quanto a transformação da igreja numa militância política.

Se por um lado muitos erram por transformar suas comunidades religiosas em extensões de causas políticas que se confundem com ONGs ou partidos, por outro lado muitos também erram por focarem numa espiritualidade alienada do todo da vida, que inclui a vida em sociedade, a política, a defesa de determinados princípios e a oposição a diversas causas.

A verdadeira fé cristã é tanto uma espiritualidade pessoal quanto conjunta, é tanto uma caminhada rumo ao Reino de Deus quanto a busca do seu ideal de justiça aqui e agora. Por isso comete pecado quem opta pela omissão no testemunho cristão e no papel profético dos crentes para, supostamente, buscar um espírito de paz entre a diversidade dos crentes.

Um crente que vota em proponentes de causas que se opõem aos valores das Escrituras está pecando com o seu voto e está se opondo ao Senhor com esse voto.

Crentes que deliberadamente se opõem às causas do Evangelho estão servindo ao pecado, não ao Senhor.