11/11/2015

Divergências entre fé e ciência (darwinismo)

NÃO FAÇA DO LIVRO DE GÊNESIS UM LIVRO CIENTÍFICO!

Crentes, não usemos textos bíblicos para tentar fundamentar ciências, especialmente as biológicas ou químicas! Muitas vezes essa tentativa fica vexatóriamente ridícula!

Forçar a interpretação bíblica para comprovar ou refutar teorias ou formulações científicas não é um exercício honesto e isso não serve nem à fé, nem à ciência. Quem se aventura nesse tipo de "apologética" consegue sucesso apenas entre as platéias de crentes, que normalmente é formada por pessoas que desconhecem a matéria abordada. Contudo, essa prática quase sempre é ridicularizada pelas pessoas que realmente entendem desse tipo de assunto.

Vocês precisam entender que esse tipo de debate entre fé e ciência tem muitos pressupostos falsos e que, ao invés de enaltecer o Evangelho e as verdades bíblicas essa prática apenas impõe a essas manifestações da verdade de Deus um gigantesco desprezo e um vilipêndio desnecessários! E que saibamos discernir as perseguições que os cristãos e que a Palavra de Deus sofrem por causa do seu testemunho, virtudes e verdades do desprezo e zombarias que alguns cristãos sofrem porque deram motivo para isso por causa da sua desonestidade intelectual.

Gostemos ou não os textos bíblicos refletem, na natureza como foram escritos, os diversos contextos culturais de onde foram registrados e a sua natureza pouco (ou nada) tem a ver com o moderno método científico, são textos de naturezas e estilos diversos que foram escritos, muitas vezes, com uso de simbologias com conteúdo teológico. Mesmo os textos que narram acontecimentos reais não estão preocupados em explicar os fenômenos da natureza, mas apontam para o conhecimento do Deus que se faz conhecido, mais por meio da transcendência do que por meio da natureza e também para o auto conhecimento humano.


Compreender a natureza dos textos bíblicos é uma ciência muito diferente da ciência utilizada para investigar células biológicas.

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A primeira definição do que sou é: CRISTÃO.

E é da Bíblia que extraio minha cosmovisão e as doutrinas de fé em que me baseio. Ela é o luzeiro da minha trajetória e racionalidade mas ela deve ser lida e interpretada respeitando-se os diversos estilos literários e contextos histórico-culturais que perpassam os 1800 anos em que seus sessenta e seis livros foram escritos e, posteriormente, unificados num único livro a que chamamos de Bíblia. Nem tudo nela é literal (embora muita coisa o seja) e cada palavra ou letra têm seus propósitos, sendo que todos eles apontam para o amor de Deus pela sua criatura humana demonstrado em Jesus Cristo - o ponto central da existência de toda a criação.

Certa vez participei de uma discussão num curso de pós-graduação ocupado, predominantemente, por ateus convictos. Discutíamos sobre ciência e fé em aulas de psicologia anomalística. Eu era a pessoa de fé na discussão e era minoria na defesa do meu ponto de vista, mas apresentei um argumento sobre o labor científico e a fé que encerrou a discussão:

"A ciência não se contrapõe a Deus, na verdade ela o serve. A Deus pertence a plenitude da verdade, Ele é a própria verdade, e o trabalho dos homens é de perscrutar as evidências dessa verdade nas partículas que podem analisar e compreender. O trabalho humano de investigar e elaborar um saber progressivo é semelhante à construção gradual de degraus que muitas vezes precisam ser refeitos na medida em que se são descobertas coisas novas. Elaborar uma teoria científica é como construir um degrau e isso é apenas uma partícula de um todo. Construímos nossa escada vagarosamente num infinito que pertence a Deus. Quer queiram ou não queiram todos os cientistas - os honestos - estão servindo a Deus na elucidação progressiva da verdade que lhe pertence  ao passo que a fé simplesmente afirma a existência de um ser soberano que se revela graciosamente em sua criação à sua criatura humana."

O nosso progressivo saber deve vir acompanhado de humildade e o propósito central do nosso saber não é apenas o de promover o progresso, mais do que isso deve ser o de reconhecer um Criador que nossos meios humanos jamais alcançarão e que é o significado pleno da nossa existência. A nossa ciência não nos faz conhecer a Deus, apenas analisamos alguns dos seus vestígios. O nosso conhecimento de Deus só pode acontecer quando Ele mesmo vier a nós do lugar inacessível e misterioso em que habita. E foi exatamente isso que Ele fez, vindo a nós nesse mundo na pessoa de Jesus Cristo. Em Cristo está a plenitude dessa verdade a humanidade deseja conhecer.

Gostei muito desse vídeo (documentário) em que um teólogo cristão declaradamente evolucionista investiga as diversas questões que envolvem o embate entre fé e ciência para simplesmente concluir que essas coisas não são naturalmente opostas entre si e não precisam ser conflitantes.