03/04/2011

Efeitos de uma abordagem sensacionalista da religião provocados por um pastor irresponsável.


Um polêmico pastor evangélico americano queimou um exemplar do Alcorão na noite de domingo (27/03/2011) em uma igreja de Gainesville, Flórida, ato que havia desistido de executar há alguns meses após as reações no mundo muçulmano.

O pastor Terry Jones programou um “julgamento” dentro de sua igreja, no qual o livro sagrado muçulmano foi declarado “culpado” de várias acusações, entre elas assassinato. Em seguida a pena foi executada: o exemplar foi queimado.

O livro foi molhado com querosene e colocado em um recipiente de metal no centro do templo da igreja “Dove World Outreach Center”. O exemplar queimou por 10 minutos.

“Tentamos dar ao mundo muçulmano uma oportunidade de defesa de seu livro”, disse o pastor Terry Jones.

O religioso disse ainda que o evento foi um sucesso e uma “experiência daquelas que temos uma vez na vida”.

Em setembro de 2010, Jones despertou a atenção mundial por seu plano de queimar 200 exemplares do Alcorão em sua igreja no aniversário dos atentados terroristas de 11 de setembro nos Estados Unidos.

Após as fortes reações no mundo muçulmano e das críticas de líderes internacionais, incluindo o presidente americano Barack Obama, Jones desistiu da ideia e afirmou que nunca mais voltaria a tentar queimar um Alcorão.

Fonte: AFP


P.S – o “pastor”Jones acabou ganhando um carro 0 Km como prêmio (de um empresário) pela desistência desse ato insano na época, além de uma grande publicidade. Na ocasião, alguns aiatolás do Irã, afirmaram que quem queimar o Alcorão deveria ser morto. Ficou no ar uma promessa de retaliação pela afronta, caso fosse feita...


Os efeitos da ousadia do “pastor” Terry Jones:


Nove pessoas morreram neste sábado em Candahar em novos protestos contra a recente queima de um exemplar do Corão nos Estados Unidos, um dia depois da morte de sete funcionários da ONU no ataque mais violento contra as Nações Unidas desde a invasão do Afeganistão em 2001.

Os protestos deste sábado começaram no centro de Candahar (sul do Afeganistão) e se ampliaram a outros pontos. A polícia enfrentou os manifestantes, que seguiam para os escritórios da ONU e para os edifícios do governo provincial.


"Hoje, como resultado das violentas manifestações em Kandahar, 73 pessoas ficaram feridas e nove morreram", afirma um comunicado da administração local.

"Às 9h (1h30 de Brasília) teve início uma manifestação pacífica contra a queima do Corão nos Estados Unidos. Elementos destrutivos se infiltraram entre a multidão e tentaram gerar violência", declarou à AFP Zalmai Ayubi, porta-voz do governo de Kandahar.

Todos os mortos e feridos são manifestantes. Além disso, 17 pessoas foram detidas.

Os manifestantes atacaram edifícios públicos e privados, e incendiaram veículos.

Na sexta-feira, sete funcionários estrangeiros da ONU, quatro guardas nepaleses e três europeus, morreram em um protesto similar na cidade de Mazar-i-Sharif, norte do país.

Os talibãs assumiram a reponsabilidade do ataque, no qual parte do complexo da ONU foi incendiado.

O governador da província de Balj, Ata Mohammad Noor, informou que outras cinco pessoas, supostamente manifestantes, morreram e pelo menos 20 ficaram feridas. Vinte foram detidas.

Os protestos foram motivados pela queima de um exemplar do Corão no Dove World Outreach Center, uma igreja evangélica de Gainesville, Flórida, no dia 20 de março.

O pastor Terry Jones, líder da igreja, afirmou: "Não nos sentimos responsáveis pelo ataque, porque os elementos radicais do islã estão usando [a queima] como desculpar para promover suas atividades violentas".

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Comentário:

Os países islâmicos em geral costumam ser intolerantes com as pessoas que professam alguma fé diferente da islâmica, em especial com os cristãos e judeus por causa da associação com a cultura ocidental que é por eles rejeitada. Contudo, os judeus não são praticantes da propagação de sua fé, ao contrário dos cristãos que se dedicam em missões evangelísticas por todo o mundo e, por isso, promovem conversões. Assim, os cristãos não raramente são hostilizados das mais diversas formas nesses países islâmicos por serem considerados traidores, sendo que normalmente as autoridades fazem pouco caso da violência praticada contra os cristãos.

No Afeganistão a tensão é agravada por causa de sua história recente de conflitos internos, de miséria, de guerras e do caos social refreado por forças políticas externas como os EUA que impõem um tipo de paz através de um controle indesejado por muitos. Em tempos de crise, a religião é reforçada por causa do seu uso por parte de líderes visionários e como válvula de escape diante do caos. Neste contexto, os afegãos convivem à força com missões de paz oriundas do inimigo, como é a ONU e ainda são ofendidos por um líder da religião odiada (cristã) por ser a religião do país opressor odiado (EUA). E foi de lá que o pastor ofensor se empenhou em sua odiosa empreitada ao queimar o livro sagrado dos muçulmanos.

Estupidez!

Atos como esse só evidenciam arrogância e produzem reações violentas. Além da destruição do prédio da ONU no Afeganistão com o assassinato de seus funcionários, as conseqüências da ofensa praticada pelo pastor tem sido vistas em diversas manifestações ao redor do mundo e provavelmente não serão vistas por muitas pessoas, nem na grande mídia, mas reais, no acirramento das perseguições religiosas internas, especialmente aos cristãos que sobrevivem dentro dos países islâmicos. Provavelmente este é o lado que mais sofrerá por causa da ousadia de um estúpido que desafiou os muçulmanos para que outros arquem com as conseqüências.


 
Queimar o alcorão não pode, eu concordo. É desrespeito.
Pior do que queimar um livro é queimar pessoas por preferirem o ensino de um outro livro...

(A foto acima é de uma mãe e um filho cristãos queimados vivos no Paquistão por muçulmanos).